segunda-feira, janeiro 9

O CONTRA SÍMBOLO




Uma só luz sombreia o cais
Há um som de barco que vai indo.
Horror! Não nos vemos mais!
A maresia vem subindo.

E o cheiro prateado a mar morto
Cerra a atmosfera de pensar
Até tomar-se este como porto
E este cais a bruxulear

Um apeadeiro universal!
Onde cada um espera isolado
Ao ruído – mar ou pinheiral?
O expresso inútil atrasado.

E no desdobre da memória
O viajante indefinido
Ouve contar-se só história
Do cais morto do barco ido


Fernando Pessoa in Poesias Inéditas (1919-1930)

3 comentários:

Anônimo disse...

Longe de mim em mim existo
À parte de quem sou,
A sombra e o movimento em que consisto.


do mesmo livro,

joaopedro

Anônimo disse...

tronga!

Anônimo disse...

Ola! Chamo-me Denis. Sou de Russia. Traduzo poemas de Fernando Pessoa. Quis traduzer essa poema dois dias atras mas encontrei uma dificuldade:

E o cheiro prateado a mar morto
Cerra a atmosfera de pensar
Até tomar-se este como porto
E este cais a bruxulear

Um apeadeiro universal
Onde cada um 'spera isolado
Ao ruído - mar ou pinheiral? -
O expresso inútil atrasado.

Nesta passagem o sentido e que o cheiro prateado DE mar transforma toda a atmosfera fazendo o cais e o porto parecer-se a apeadeiro...? E assim ou nao compreedi?