segunda-feira, março 31

ERRO DO GOVERNO VAI CAUSAR MORTANDADE

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1699 - Flores.

Passos Coelho não sabe se a história o absolverá

O primeiro-ministro português admitiu não saber se a história o absolverá das opções que tomou como governante, e assumiu que "a maioria dos portugueses", incluindo ele próprio, "não gostou das medidas difíceis" do seu governo.

"Não sei", disse Passos Coelho, quando interrogado sobre se a história o absolverá, numa entrevista publicada hoje pelo diário O País, de Maputo.

"Não tenho uma bola de cristal, nem a história fala comigo, isso será observado no futuro", prosseguiu Passos Coelho.

"O importante, em primeiro lugar, é reconhecer, de forma extraordinária, como Portugal e os portugueses têm compreendido a sua situação e têm realizado sacrifícios muito grandes para vencer estas dificuldades", acrescentou.

No entanto, Passos Coelho admitiu que "a maioria dos portugueses", incluindo ele próprio, "não gostou das medidas difíceis" do seu governo.

domingo, março 30

Frases de Picasso


Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1699 - abraços.

Marques Mendes sobre cortes nas pensões: "uma trapalhada monumental"

Questionado sobre o facto do secretário de Estado da Administração Pública ter revelado a jornalistas matéria sensível sobre pensões, Luís Marques Mendes diz que o “secretário de Estado fica numa situação difícil, muito fragilizada”.

“Mais do que um problema de comunicação, esta é uma trapalhada monumental, a grande trapalhada da semana”, afirmou.

“O governo é tipo elefante numa loja de porcelana, parte tudo e não fica nada”, sublinhou o comentador no “Jornal da Noite” da Sic.
Para o comentador “isto é assustar os reformados e os pensionistas, criando angústia”. Marques Mendes destacou que “alguns governantes não têm o mínimo de sensibilidade”.
Sobre o papel do maior partido da oposição, Marques Mendes apenas disse: “Seguro não precisa de fazer nada, basta fazer-se de morto”, sublinhou.

Manifesto 74 promove petição à Assembleia da República

O movimento Manifesto 74, que reúne personalidades de todos os quadrantes da sociedade portuguesa, anunciou que está a realizar uma petição para levar a reestruturação da dívida ao plenário da Assembleia da República.

A petição, que terá de atingir um mínimo de quatro mil assinaturas para ser discutida no hemiciclo, pretende que os deputados aprovem "uma resolução, recomendando ao Governo o desenvolvimento de um processo preparatório tendente à reestruturação honrada e responsável da dívida", como se salienta na página oficial do Manifesto 74.

"O abaixamento significativo da taxa média de juro do 'stock' da dívida, a extensão de maturidades da dívida para 40 ou mais anos e a reestruturação, pelo menos, de dívida acima dos 60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), tendo na base a dívida oficial" são as condições preconizadas pelos signatários da petição.

A iniciativa do Manifesto 74 visa ainda que a Assembleia da República desencadeie "um processo parlamentar de audição pública de personalidades relevantes" sobre a reestruturação da dívida de Portugal, contraída no âmbito do programa de reajustamento.
O constitucionalista Jorge Miranda, um dos subscritores da petição à Assembleia da República sobre a reestruturação da dívida de Portugal, realçou hoje a necessidade de aprofundar o debate na sociedade, porque, salientou, "o problema vai-se agravando".

sábado, março 29

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1698 - garça branca.

Cavaco só admite mais cortes aos que têm "elevados rendimentos"

Com a confusão instalada no governo a propósito dos novos cortes nas pensões, o Presidente da República veio definir algumas condições para as novas medidas de austeridade: os pensionistas e os funcionários públicos já foram suficientemente sacrificados e, se houver cortes, devem atingir, desta vez, quem ganha mais.

"Toda a gente sabe que os pensionistas foram duramente atingidos nos últimos anos e parece-me que é difícil continuar a exigir-lhe mais sacrifícios", disse o Presidente em Arronches. A seguir, Cavaco Silva deixou claro que, "se for necessário reduzir o rendimento disponível de alguém, no futuro tem de ser àqueles que têm elevados rendimentos e que, até este momento, não foram seriamente prejudicados no seu bem-estar".

O Presidente defendeu mesmo que os sinais de recuperação da economia devem ser aproveitados para corrigir "algumas injustiças" que possam ter acontecido nos cortes que foram feitos com o objectivo de "corrigir a situação das finanças públicas". Os recados de Belém surgem em plena polémica sobre os novos cortes das pensões. Paulo Portas foi ontem bombardeado na Assembleia da República com perguntas sobre os planos do governo para tornar os cortes transitórios definitivos e assumiu que as coisas não correram bem ao governo. "O que aconteceu foi um erro. Não devia ter acontecido", disse o vice-primeiro-ministro, garantindo que "o grupo de trabalho não concluiu a sua tarefa e não fez qualquer proposta".

Mais um raspanete ao secretário de Estado da Administração Pública, que revelou a intenção do governo, no futuro, de fazer depender o valor das pensões de factores económicos e demográficos.

sexta-feira, março 28

Ferreira Leite. “Notícia sobre pensões parecia o dia das mentiras”


retirado do i

“Sobre a matéria das pensões ninguém se devia pronunciar sem ser com a maior seriedade, pois é um tema sensível. Coisas deste estilo, que não se sabe o que é, serve para juntar uma incerteza à outra”, disse Manuela Ferreira Leite no comentário semanal “Política mesmo” da TVI24.
A ex-ministra das Finanças comentava assim a notícia avançada hoje por vários meios de comunicação que revelavam que as reformas a partir de 2015 passariam a variar em função da demografia e do crescimento da economia. “Ainda não percebi. Devo confessar que quando li a notícia, parecia o dia das mentiras, parecia o 1 de Abril”, sublinhou.
No briefing do Conselho de Ministros, Marques Guedes, não desmentiu o teor das notícias avançadas, mas sublinhou que se tratariam de possibilidades e estudos que ainda não foram apresentadas como propostas. Marques Guedes considerou "abusivo e erróneo" confundir um ponto de situação dos trabalhos com a apresentação de cenários de decisão quando estes ainda não estão fechados. 
“Já foi alterada a idade da reforma, já mexeram nas pensões de sobrevivência e já se alterou a contribuição extraordinária. Depois de tudo isto ainda se está a pensar na reforma da Segurança Social”, disse, acrescentando que há “muitas incertezas à volta desta matéria.”
“E agora há um estudo no Ministério das Finanças, que nunca se ouviu falar… juntar incerteza às que já existem é não ter consideração”, frisou.

Portas diz que não há decisão sobre pensões e foi "um erro" o que aconteceu

O vice-primeiro-ministro reconheceu hoje que "foi um erro" o que se passou relativamente às notícias sobre um eventual corte permanente nas pensões, sublinhando que ainda não há nenhuma proposta, nem o Governo tomou qualquer decisão política.

"O que aconteceu foi um erro, não devia ter acontecido, o grupo de trabalho não concluiu a sua tarefa, não fez qualquer proposta, não conheço qualquer documento e não havendo proposta, nem documento, é evidente que o Governo não pode ter feito qualquer avaliação política, muito menos tomado qualquer decisão política", afirmou o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, durante uma interpelação ao Governo sobre- "balanço do Programa de Assistência Económico-Financeira e transição para o ´pós-troika'".

Paulo Portas, respondia a uma questão do BE sobre o facto de fonte oficial do Ministério das Finanças ter veiculado a informação de que o executivo se preparava para tornar permanentes os cortes nas pensões, algo entretanto contrariado pelo primeiro-ministro e pelo ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares.

Dirigindo-se a Paulo Portas, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, tinha interrogado o vice-primeiro-ministro porque razão "censurou" da sua intervenção inicial no debate o ´briefing' do senhor secretário de Estado onde propunha um terramoto nas pensões".
"Era um ´briefing' oficial, que foi dado por um secretário de Estado do governo", insistiu, questionado Paulo Portas, a quem chamou de "presidente do partido dos pensionistas", se a sua "omissão" é resultado de "censura ou consciência pesada".

quinta-feira, março 27

Valor das pensões vai ser ajustado à evolução da economia e demografia

O Governo está a avaliar a possibilidade de aplicar a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) de forma permanente, devendo o impacto da medida ser quantificado no Documento de Estratégia Orçamental (DEO) em abril, revelou fonte do Ministério das Finanças.
"A CES é um processo relativamente estreito, direto. A nossa ideia é que esse mecanismo não seja visto como um corte, mas como um ajustamento da evolução dos fatores subjacentes, como a evolução da economia e a dimensão demográfica", afirmou fonte oficial do Ministério das Finanças num encontro informal com jornalistas.
Esta possibilidade de tornar a CES definitiva está a ser avaliada pelo grupo de trabalho nomeado pelo Governo, no inicio do ano, que deverá apresentar ao executivo cenários que permitirão "traçar pistas para uma reforma global do sistema de segurança social".
De acordo com a mesma fonte, o grupo de especialistas está "a tentar criar um 'mix' de políticas que permita que essa evolução [da eventual aplicação definitiva da CES] seja vista como um ajustamento, que possa variar de acordo com determinados indicadores", embora o indicador a aplicar "tenha de ser estudado".
"Tem de haver um 'mix' de critérios que sejam sustentados, equitativos, que protejam segmentos de pensionistas com baixo valor de pensão", referiu a mesma fonte.
É intenção do Governo que "esta fórmula tenha aplicação universal, pois se assim não for, o resultado não será o esperado", ressalvou.


Tabelas salarial da função pública deverão vigorar em Janeiro de 2015

As tabelas remuneratória única e de suplementos para a administração pública deverão entrar em vigor em Janeiro de 2015, mas desconhece-se se a sua aplicação vai substituir os cortes salariais em vigor, segundo fonte do Ministério das Finanças.
"Em princípio, a entrada em vigor será a 01 de Janeiro de 2015, mas são processos autónomos. A tabela de suplementos, do nosso ponto de vista, é mais fácil de conseguir. Estamos a trabalhar, a desenvolver ideias, mas tendencialmente, fará sentido entrarem em vigor em conjunto, no próximo ano", afirmou fonte oficial do Ministério das Finanças num encontro informal com jornalistas.
Por esclarecer está se a aplicação da nova tabela remuneratória irá substituir os cortes salariais aplicados aos funcionários públicos desde 2011, tornando assim definitivas as reduções salariais aplicadas aos trabalhadores do Estado.
"Entre as duas tabelas -- remuneratória e de suplementos -- vamos acomodar os valores necessários de poupança", referiu a mesma fonte, ressalvando, no entanto, que "os cortes podem não ser transplantados", ou seja, "não é uma passagem directa dos atuais cortes para a tabela".

Furacão. Processo contra Marina Mota suspenso a troco de 600 mil euros

O processo crime contra Marina Mota, no âmbito do caso Furacão, foi suspenso mediante o pagamento de 600 mil euros ao Estado. O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) - que acusou a actriz de fugir ao fisco com cerca de um milhão de euros - propôs ainda que a arguida ficasse impedida de emitir facturas falsas e de contactar com prestadores de serviços de planeamento fiscal. Isto, porque segundo a acusação, Marina Mota terá fintado o fisco usando "um circuito de facturação relativa à prestação de serviços fictícios" disponibilizado entre 2001 e 2007 pela entidade Finatlantic. Os investigadores acreditam que este esquema terá beneficiado dezenas de pessoas e lesado o Estado em cerca de 40 milhões.

No ano passado, o Ministério Público deduziu acusação contra os 30 arguidos no âmbito deste processo - que é um dos 90 do caso Furacão. Marina Mota e a sua empresa constam do despacho, com mais de mil páginas. A actriz é acusada por dois crimes de fraude fiscal qualificada (um em seu nome e outro em nome da sua empresa produtora de espectáculos) por ter fugido ao fisco em 978 425 euros.

Marina Mota aceitou agora as condições propostas pelo Ministério Público para que o seu processo fosse suspenso e o juiz de instrução criminal Carlos Alexandre proferiu na última semana um despacho de separação processual, o que significa que a actriz e a sua empresa, a Marina Mota produções, ficarão num processo separado e que já está resolvido.

quarta-feira, março 26

BOND - live from the Royal Albert Hall.avi

Social-democrata?

O atual Governo diz-se falsamente social-democrata. Mas obviamente que não é. Social-democrata significa ser de esquerda, como sempre foram Sá Carneiro e António Capucho. Ora o atual Governo é, como se tem visto, de extrema-direita, dirigido por uma coligação populista.
Com efeito, Paulo Portas, que substituiu o CDS por PP (Partido Popular, à espanhola), disse há cerca de um mês ser democrata-cristão, mas dias depois arrependeu-se, como é seu costume.
Virá a ser o que for preciso no momento que mais lhe convier. Mas pobre dele. Ou obedece ao chefe do Governo ou lhe cai em cima tudo o que está em suspenso, no que se refere a submarinos e a tanques. E talvez a outras coisas que a comunicação social não refere, enquanto não receber ordens.
A verdade é que a coligação governamental, sob proteção do Presidente da República, haja o que houver, até ao fim do seu mandato, atua, nas mais pequenas coisas e por menos que goste dos dois dirigentes da coligação, no sentido de os salvar.

25 Abril. Otelo assume que se excedeu "largamente" na ocupação de terras

Otelo Saraiva de Carvalho reconhece que excedeu “largamente” as suas funções quando, após o 25 de Abril de 1974, tomou decisões como a ocupação de terras ou o despejo dos “senhores doutores” das casas de pescadores.

Numa entrevista a propósito dos 40 anos da Revolução dos Cravos, o operacional do Movimento das Forças Armadas (MFA), 77 anos, recordou à agência Lusa o “dinamismo” dos primeiros tempos após a queda da ditadura e o quanto era preciso decidir, às vezes "sem tempo para pensar".

“Tive de tomar decisões – enquanto comandante da região militar de Lisboa, do Comando Operacional do Continente (COPCON) e conselheiro da revolução – ao minuto. Muitas delas foram tomadas sobre os joelhos”, afirmou.

segunda-feira, março 24

EL HOMBRE Y LA MUJER TUERCEN LOS OJOS

La biografía nos abandonó.
La casa hinca los codos. Amueblar:
hacer sitio al tiempo.
Y por aquí,
ciudad amortizada,
como escamas de polen,
ciervos en las baldosas,
sábanas submarinas,
dados de sombra y juegos de la luz,
como un zoo de arrumacos desvalidos
la domesticación
devuelve al cuerpo un interés de res.

La noche es la caída de los justos al tacto
y el deseo nos salva del golpe de la dicha.

Un escondite en la palabra novia.
Del temor al adiós pasando por la elipsis.
Y ahí no cabe Freud.

Carlos PARDO

España es plural: estamos los Herederos...


domingo, março 23

Marques Mendes diz que Merkel apoia Portugal para uma “saída limpa"”

“Parece que a Alemanha pretende uma saída limpa, mas há uma nuance. Acho que ela [Merkel] deu a entender isto, mas se houver alguma turbulência, aí a Alemanha e União Europeia estarão aqui para ajudar-nos”, considerou hoje Luís Marques Mendes no comentário semanal do jornal da noite da “SIC”.
As declarações surgem após a reunião de Passos Coelho com Angela Merkel para discutirem a saída de Portugal do programa de assistência financeira. Na opinião do comentador, “não haverá programa cautelar, mas poderá haver uma ajuda.”

Questionado sobre a prescrição do caso BCP, o militante do PSD disse que se trata de “hipócrisia.” “Ouvi agora vários políticos muito preocupados, mas durante anos não fizeram nada. Concordo muito mais com a Joana Marques Vidal. Não deve ser mudada a lei, mas devem ser dados meios as autoridades que investiguem. O pior que pode acontecer é a culpa morrer solteira.”

“Governo tem uma agenda de cortes escondida de dois mil milhões de euros”

O secretário-geral do PS, António José Seguro, disse hoje que o Governo tem uma "agenda escondida de cortes" na ordem dos "dois mil milhões de euros", acreditando que esta será aplicada após as eleições europeias.

"Nós queremos parar com os cortes, que já deviam ter parado há muito tempo, e iniciar a recuperação dos salários e das pensões portugueses. Ao invés, o Governo não pára de cortar e tem uma agenda escondida de cortes de cerca de dois mil milhões de euros que se prepara para aplicar após as eleições europeias", disse o secretário-geral do PS.

António José Seguro falava na sessão de encerramento do debate "Um Novo Rumo para a Saúde" que decorreu hoje no Porto, onde aproveitou para comentar uma peça publicada hoje no semanário Expresso que fala de mais cortes a serem aplicados pelo Governo de Pedro Passos Coelho.

"Ainda hoje um jornal dá conta de que o Governo se prepara para rever as tabelas salariais dos trabalhadores da função pública, retirando-lhes mais do que 5% no ano de 2015. É preciso parar com os cortes. Isto não é maneira de governar um país", disse o líder socialista.

Seguro garantiu ser possível "equilibrar as contas públicas colocando como prioridade o emprego e o crescimento económico" e, ainda que sem se referir a nenhum Partido em particular, acabou por responder ao "repto" do PS e do Bloco de Esquerda que no final da semana pediram para que o PS comentasse as afirmações do seu conselheiro económico, Óscar Gaspar.

"É evidente que as coisas não mudam de um dia para o outro, carregando num botão. Não. Dizer isso seria irresponsável e demagógico dizermos uma coisa destas. Podemos perder alguns votos mas não enganamos os portugueses", disse o secretário-geral do PS.

sábado, março 22

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1697 - Parque do Tejo.

Cavaco. País que fala de reestruturação "assusta" investidores

Cavaco Silva advertiu ontem que a reestruturação da dívida é recebida de "forma muito negativa" pelos investidores estrangeiros, que se "assustam" quanto a possíveis investimentos no país.

Respondendo a uma questão sobre como está a acompanhar o debate quanto a uma reestruturação da dívida - uma hipótese defendida no Manifesto dos 70, lançado há cerca de duas semanas -, Cavaco alertou para consequências negativas desta discussão. "Quando me tenho encontrado, ao longo dos tempos, com investidores estrangeiros, quando ouvem falar da palavra 'reestruturação' reagem de forma muito negativa. Ligam essa palavra a perdão de dívida e, portanto, assustam-se em relação a possíveis investimentos no país que utilize essa palavra", afirmou o chefe de Estado, remetendo ainda para a mensagem de Ano Novo de 2013.

Nessa data, Cavaco afirmou que renegociar a dívida "poderia criar uma ilusão momentânea" - mas "no final estaríamos numa situação dramática". "Temos de cumprir as obrigações internacionais que assumimos", disse então, garantindo que "tentar negociar o perdão da dívida do Estado não é uma solução que garanta um futuro melhor."

Questionado sobre o apoio dado por 74 personalidades estrangeiras ao Manifesto dos 70, o Presidente da República escusou-se a qualquer comentário, alegando que isso é "matéria para comentadores". Já quanto à exoneração de Sevinate Pinto e Vítor Martins do cargo de consultores da Presidência - precisamente por terem assinado o manifesto -, Cavaco Silva também não se alongou, considerando que a "gestão da casa civil do Presidente da República compete exclusivamente a ele e ao chefe da casa civil".

sexta-feira, março 21

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1695 - Quinta Pedagógica dos Olivais.

PS admite que não será possível repor pensões e salários cortados

O PS admite ser impossível o regresso imediato aos níveis salariais e às pensões de 2011. Se chegarem ao governo, os socialistas não vão voltar atrás nos cortes impostos durante os últimos três anos e a justificação é a "situação do país".

A posição foi deixada pelo conselheiro de António José Seguro para os assuntos económicos, Óscar Gaspar, numa entrevista na Sic-Notícias, tendo ontem sido desafiado pelo vice-presidente do PSD, Marco António Costa, a clarificar as suas palavras. Mas não havia volta a dar. Na noite anterior, Gaspar tinha sido claro quando foi questionado sobre se o PS podia prometer, uma vez vencedor das legislativas, regressar aos salários, pensões e prestações sociais de 2011: "A resposta séria é não. Nem os portugueses imaginariam, nem nunca ouviram do líder do PS nenhuma proposta demagógica para voltarmos a 2011, porque não é possível. As contas públicas portuguesas não o permitem."

António José Seguro tem evitado o tema e, até agora, da sua voz só se ouviu que não se podia comprometer com um alívio dos impostos sobre os rendimentos, ficando-se apenas pela promessa de baixar o IVA na restauração. Mas não mais do que isto, mesmo quando o primeiro-ministro e a ministra das Finanças fazem a mesma afirmação. Tanto Passos Coelho, num debate quinzenal de Fevereiro, como Maria Luís Albuquerque, anteontem no parlamento, já disseram não ser possível voltar aos níveis salariais do período pré-troika.

Perante o desafio do PSD, Óscar Gaspar veio reafirmar o que tinha dito na entrevista televisiva, deitando culpas ao executivo. "Face à situação do país e o ponto a que o governo trouxe o país, não é possível" regressar aos níveis de 2011 "de um momento para o outro". O porta-voz do PS para os assuntos económicos diz que isso "vai demorar tempo". Gaspar ainda deixou o desafio a Marco António para um debate, a fim de "reflectir sobre a situação económica e financeira do país", acusando o governo de estar "a negociar mais cortes com a troika que só serão anunciados depois das europeias".

quinta-feira, março 20

Silva Peneda: "Primeiro-ministro vai mudar de opinião sobre a dívida"

O presidente do Conselho Económico e Social, Silva Peneda acredita que Passos Coelho vai mudar de opinião em relação à gestão da dívida pública quando se começar a falar na mutualização da dívida. Foi em entrevista à Antena 1 que Silva Peneda fez estas declarações.

"Se neste momento o primeiro-ministro chegasse ao Conselho Eurpeu e dissessse que queria resolver o problema da dívida, olhavam para ele e diziam que este homem está doido", afirmou. 
"Ninguém ligava, passava à frente e morria ali. Não tinha qualquer hipótese. Eu aprendi que na Europa quando eu quero uma coisa muito – eu, Estado-membro – tenho que apresentar isso de tal maneira que todos vão ganhar. Nunca posso apresentar uma proposta a dizer que isto é para mim. É um erro do ponto de vista político", acrescentou. 

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1694 - Rua S. Nicolau.

terça-feira, março 18

Morreu o antigo ministro socialista Medeiros Ferreira

Morreu o político e professor universitário, José Medeiros Ferreira. Tinha 72 anos. Medeiros Ferreira era militante socialista e foi ministro dos Negócios Estrangeiros do governo chefiado por Mário Soares. Foi um dos interveninentes no processo de adesão de Portugal à Comunidade Europeia. 

segunda-feira, março 17

The Best of Debussy

Se Eu Quiser Falar Com Deus - Elis Regina - Capela

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1692- Praia da Torreira.

Maioria dos portugueses não quer sair do euro

O PCP decidiu falar abertamente do elefante ao canto da sala e, na sua apresentação como cabeça-de-lista da CDU às europeias, em Fevereiro, João Ferreira já se referia à "incompatibilidade radical" que haverá entre Portugal continuar no euro e construir-se um projecto de desenvolvimento democrático para o país. Quase 60% dos portugueses não concordam.

O deputado Agostinho Lopes já se tinha referido à saída de Portugal do euro, Jerónimo de Sousa também e, agora, João Ferreira trouxe o tema para a agenda eleitoral. Mas os comunistas não defendem apenas a preparação atempada para uma saída da moeda única - com outro governo que não este que está em funções. Politicamente isolado nesta linha de argumentação, o PCP assumiu também como uma das ideias bandeira para as eleições de Maio a crítica declarada à adesão de Portugal ao clube do euro. "É hoje evidente que a integração de Portugal na União Económica e Monetária e a adesão ao euro foram decisões erradas" e, "como é evidente, o futuro do país é inviável dentro do euro", assumiu João Ferreira.

Mas, numa sondagem i/Pitagórica especialmente dedicada às questões europeias, a maioria dos portugueses manifesta-se contra a saída de Portugal do euro. E 25,8% dos inquiridos dizem mesmo "discordar totalmente" dessa opção.

Não querem sair, por um lado, e por outro apoiam a decisão dos responsáveis políticos que, na viragem do milénio, optaram por incluir Portugal no grupo dos 11 países que arrancaram com o projecto da moeda única (outros sete vieram juntar-se mais tarde ao clube). São, neste momento, 48,7% os inquiridos que se colocam na linha de defesa da entrada de Portugal, apesar do aumento súbito do custo de vida no país e das desigualdades que se acentuaram entre os 19 países que hoje compõem o grupo da moeda única.

sábado, março 15

Quase 60% dos inquiridos desconhecem os nomes dos deputads portugueses no parlamento europeu

Quase 60% dos portugueses não sabem o nome de um único deputado nacional a exercer actualmente o mandato no Parlamento Europeu. Podia tratar-se de um desconhecimento isolado, mas é um sinal evidente de que a distância entre Lisboa e Bruxelas vai muito além do espaço físico que separa as duas cidades onde se concentra o poder legislativo.
E o desconhecimento daquilo que é a União Europeia não fica por aqui. A maioria (75,9%) ou não sabe responder, ou falha quando ensaia uma solução para a pergunta sobre quantos deputados representam os 28 países da União na capital belga; e quantos portugueses, estão entre os 766 parlamentares? 12, segundo 25,5% dos inquiridos. São 22, na verdade, mas Portugal prepara-se para perder um representante em Maio, para acomodar a adesão da Croácia.
Só más notícias? Não, mas quase. No capítulo da cultura geral sobre a União Europeia, os portugueses sabem, por exemplo, o nome do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Conseguem, também, nomear correctamente a única instituição europeia por cuja eleição são directamente responsáveis - o Parlamento. Sabem ainda que a União é composta por 28 estados europeus. E mais? Não há, é tudo.
A maioria (57,1%) cola o mandato dos deputados em Bruxelas ao dos homólogos em Lisboa e arrisca uma legislatura a quatro anos, na sua resposta. Mas são cinco. A comissão, com os seus 28 comissários, consegue o reconhecimento da sua dimensão por parte de 35% dos inquiridos. E como pode ser demitida? 8,7% sabem que é necessária uma moção de censura no Parlamento Europeu.

quinta-feira, março 13

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1691 - Azulejaria.

A "circunstância" de António Barreto

A entrevista de António Barreto ao DN, 9. Março, pp, é um documento caracterizado pela prudência e pelo verbo pausado. Não é de estranhar; a partir de certa altura da vida, Barreto tornou-se parcimonioso, deixando à inteligência dos outros o que a sua própria inteligência desejava divulgar apenas pela metade. É um exercício curioso ler ou ouvir as injunções do discurso de Barreto, as habilidades malabares, as zonas sombrias ou reticentes, para ele não dizer o que, talvez, desejasse. Ou o que de ele se esperava ser dito. Toda a entrevista é uma espécie de compromisso do não-compromisso, e diz quem o conhece bem que ele sempre foi assim. Nada de mal. Afinal, António Barreto é detentor de um percurso intelectual e político comum a muitos homens da geração a que pertence. Comunista pró-soviético, maoísta, depois conservador, Reformador (com Francisco Sousa Tavares e Medeiros Ferreira), a seguir militante do PS, e por aí fora. Não é problema. Só o será quando este tipo de flutuações influencia negativamente os outros. Cada um que julgue por si. Barreto escreveu ensaios meritórios e desenvolveu, finalmente, um importante trabalho de sociologia, na Fundação Francisco Manuel dos Santos, permitindo o acesso e informações únicas e rigorosas numa base de dados, Prodata, de utilidade indiscutível. Pelo meio, desferiu uns golpes mortais na Reforma Agrária, arregimentando uma série de inimigos e o desprezo dos que haviam confiado na sua integridade.

quarta-feira, março 12

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1690 - o descanso da Sushi.

Exonerados consultores de Cavaco que assinaram manifesto pela reestruturação da dívida

Vítor Martins e Armando Sevinate Pinto, que integram a lista de 74 personalidades que subscrevem o manifesto Preparar a Reestruturação da Dívida Para Crescer Sustentadamente, foram esta quarta-feira exonerados dos cargos de consultores do Presidente da República, a pedido dos próprios, apurou o PÚBLICO.
A razão por que decidiram pedir a saída dos cargos de consultores para os Assuntos Económicos e Empresariais da Casa Civil de Cavaco Silva prende-se com a dimensão e o teor das interpretações que foram feitas do facto de terem subscrito o manifesto pela reestruturação da dívida pública.

terça-feira, março 11

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1688 - Retrato de um País queimado!

Adriano Moreira. Saída de Portugal de jovens qualificados é “um perigo para o país”

A saída de Portugal de jovens qualificados é “um perigo para o país”, alerta o professor e politólogo Adriano Moreira, confessando uma “grande inquietação” face ao “empobrecimento terrível” que tal representa para a nação.

“Não podemos olhar com indiferença para o facto de que fizemos um esforço enorme na investigação e no ensino e que os resultados desse esforço são a favor dos países para onde essa gente nova emigra, que é o que está a acontecer”, lamenta o ex-líder do CDS, ex-ministro e ex-deputado, recordando que os países estrangeiros costumam elogiar as “excelentes qualidades” dos portugueses.
“Se aquilo que acontece, e está a acontecer no nosso país, é que aqueles que têm mais avanço científico e conhecimento emigram, em regime de globalização, fica-se mais exposto aos efeitos negativos”, alerta o professor, especialista em relações internacionais.

Perante “a circunstância de estarmos a perder o avanço científico e técnico que já tínhamos conseguido e que está a traduzir-se na crise das universidades”, o professor considera a situação “grave”, admitindo “grande inquietação” face ao “empobrecimento terrível do país”.

70 personalidades assinam manifesto pela reestruturação da dívida

70 personalidades assinaram o manifesto que apela à reestruturação da dívida, avança a edição de hoje do jornal “Público”. De Adriano Moreira, passando por Bagão Félix, Francisco Louçã, António Capucho, e Manuela Ferreira Leite, todos estão de acordo no que toca a esta matéria. A juntar-se ao grupo estão ainda empresários, patrões, sindicalistas, académicos e constitucionalistas que defendem uma “reestruturação responsável da dívida.”

De acordo com o mesmo jornal, o debate partiu de João Cravinho, ex-ministro socialista das Obras Públicas, em conjunto com José Reis, da Universidade de Coimbra, Bagão Félix e Eduardo Paz Ferreira. Os responsáveis defendem que sem uma reestruturação da dívida, “o Estado continuará enredado e tolhido na vã tentativa de resolver problemas do défice orçamental e da dívida pública pela única via da austeridade.”

segunda-feira, março 10

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1687 - Esteiro, Estarreja.

Cavaco Silva insiste nas vantagens de um entendimento político para o pós-troika

O Presidente da República disse hoje que "a questão do pós-´troika´ é decisiva para o futuro do País" e insistiu nas vantagens de um compromisso político entre os partidos do arco da governação.

Falando no final de uma visita à fábrica da Nestlé, Cavaco Silva reafirmou a importância de um compromisso político de médio prazo, "para que Portugal consiga ter melhores resultados no futuro".
"Considero que é muito positivo que cada vez mais vozes se levantem a solicitar o entendimento entre os partidos políticos. É preciso que os portugueses vão percebendo quanto perdem em termos de emprego, de salários, de prestações sociais e de justiça na distribuição de rendimento, se não houver um compromisso político entre as forças que estão comprometidas com o programa de ajustamento", disse.

O Presidente da República considera que "é estranhíssimo que Portugal seja o país da Europa onde é mais difícil o diálogo entre as forças políticas", quando "devia ser o contrário pelas circunstâncias que atravessa" e conclui: "se foi possível o entendimento aquando da assinatura do programa de assistência financeira, agora que as exigências vão ser menores, parecia que seria mais fácil esse diálogo, que não põe em causa o respeito do princípio da alternância".

domingo, março 9

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1686 - Agitação marítima.

Seguro pede “maior prudência nas palavras” de actores políticos sobre saída da troika

O secretário-geral do PS, António José Seguro, pediu hoje "maior prudência nas palavras" de todos para o que deve Portugal fazer após o fim do programa de ajustamento financeiro firmado com a "troika".

"Hoje lemos estas declarações do Presidente da República. Na Grécia, o presidente Barroso, da Comissão Europeia, disse que Portugal iria ter uma saída limpa. E também lemos nos jornais que o Governo está a tentar uma terceira via. Convinha que, sobre este assunto, que é da maior importância para a vida dos portugueses e do nosso país, houvesse maior prudência nas palavras e de facto os protagonistas se pronunciassem em função de situações concretas", disse hoje Seguro.

O líder socialista falava aos jornalistas numa escola lisboeta, à margem de uma sessão das conferências "Novo Rumo", no dia em que se soube que o Presidente da República, Cavaco Silva, considera "uma ilusão" pensar que as exigências de rigor orçamental vão desaparecer após a conclusão do programa de ajustamento, e avisa que, pelo menos até 2035, Portugal continuará sujeito a supervisão.

Seguro diz que Cavaco terá informações que o PS não tem, "designadamente as condições" para um programa cautelar, mas reiterou que o Governo "tem obrigação de criar condições para que Portugal regresse a mercados sem ajuda suplementar".
"Esse é o dever do Governo. E o Governo aliás aplicou o dobro da austeridade prometendo isso aos portugueses. Se o Governo não cumprir isso, tem de prestar contas ao país e tem de explicar por que razão não conseguiu cumprir esse objetivo", vincou o secretário-geral socialista.

sábado, março 8

Uma Foto Por Dia


photo: rogério barroso. Foto nº 1685 - Estarreja.

Ribeiro Cardoso."Os comentadores serem ex-políticos é uma censura pior que a do lápis azul"

Fomos Uma tarde chuvosa lá fora, conversa com pano para mangas cá dentro. O livro que conta, na primeira pessoa, a descolonização de Moçambique, contextualizada no terreno, é de um jornalista sem papas na língua. Apresentamos-lhe Ribeiro Cardoso, 68 anos, outrora jogador de futebol, mais tarde professor, militar, viajante e contador de histórias.