segunda-feira, janeiro 2

"Anschool II"




Há dias numa visita que efectuei à cidade do Porto, desloquei-me em família, mulher e filhas, ao Museu de Serralves, onde se encontra patente uma exposição de Thomas Hirschhom, intitulada “Textos, Projectos School Cartas an «ANSCHOOL» ”.
Para um leigo como eu em artes, que parte da premissa que (toda) a arte é um conjunto de meios que o artista emprega para excitar sensações, sentimentos, em especial, o belo, sai desta exposição, totalmente baralhado.
O meu conceito de belo (natureza do que é belo, perfeição) deixou de ter sentido.
Thomas Hirschhorn, utilizou na maioria dos trabalhos expostos materiais pobres, cartões, recortes de jornais e revistas, mapas-múndi, globos terrestres, fita adesiva, ecrãs de televisão, ecrãs para projectores de slides. Utilizou de uma forma desordenada textos seus sobre a sua obra, que na sua maioria me deixaram confuso, por vezes perplexo. Estou-me a lembrar de alguns que como visitante mais me perturbaram:
– “QUERO RESISTIR Á TENDÊNCIA PARA TORNAR AS COISAS BONITAS. NÃO QUERO TORNAR AS COISAS MAIS BONITAS DO QUE SÃO. QUERO ATRAVÉS DA MINHA ARTE SER CRUEL. MAS QUERO SER CRUEL COMIGO PRÓPRIO.”.
A determinado passo da exposição surgem cartazes com afirmações do género “COMO ARTISTA POR VEZES SINTO-ME RIDÍCULO QUANDO OLHO O MEU TRABALHO. MAS TENHO QUE ME CONFRONTAR COM ESSE RIDÍCULO”, ou outro que afirma “NÃO HÁ UM LUGAR IDEAL PARA A ARTE, O MUSEU NÃO O É, NEM A RUA, NEM A CASA DE UM COLECIONADOR, NEM A GALERIA.”.
Saí da exposição com a ideia de que o artista teve o intuito de provocar nos visitantes (para além das suas ideias políticas, filosóficas), o poder de análise e crítica sobre conceitos (cânones) formados pela sociedade dominante no que concerne ao conceito «arte».
Na minha modesta opinião, ele perverte tudo aquilo que os não entendidos julgam ser «arte», porque as suas afirmações de “O MELHOR É SEMPRE MENOS BOM!”, ou “COMO ARTISTA TIVE QUE FAZER A TEORIA CONFRONTAR-SE COM A PRÁTICA” e, por fim “ARTE POBRE – E NÃO ARTE POVERA”.
Aconselho todos os estudantes de artes a deslocarem-se ao Porto e, visitarem a exposição mencionada.
Tenho a certeza de que sairão diferentes.

Nenhum comentário: