domingo, abril 2

S. João da Talha

© Photo: chico esperto
Breve Historial
Antes da sua constituição como freguesia, vários documentos, dos séculos XII e XIII, referem-se a “S. João da Talha” como povoação que ficava depois de Sacavém.
O nome “S. João da Talha” parece ter evoluído deste modo:
“Sacavém Extra Muros”
“Talha”
“Aldeia da Talha”
”S. João do lugar da Talha”
“S. João da Talha”.
Existe um documento do séc. XII, que assinala o povoamento de estrangeiros, referindo-se a S. João da Talha com o nome de “Sacavém Extra Muros”.
A designação “Talha” só surge, pela primeira vez, no séc. XIII, num outro documento referente a este período.
Em 1258 aparece o nome de “Aldeia da Talha”.
Conhece-se também outro documento de 1288, no qual consta, pela primeira vez, a assinatura do pároco de Talha e Sacavém.
Em 1299, D. Dinis ofereceu à sua filha o reguengo de “Extra-Muros” – Talha.
Em 1300, o Judeu Abraão plantou uma vinha lá para a barca de Sacavém – Talha.
Em 1357, um soberano de Inglaterra escreveu uma carta sobre um navio português preso com pessoas a bordo, sendo uma delas Pero Róis da Talha.
Em 1371, D. Fernando ofereceu Talha, Frielas e Unhos, como prenda de casamento à sua filha, D. Leonor Teles.
Em 1372, sabe-se que Gonçalo Pires tem casas junto ao poço da praia (que é Talha).
Entre 1382 e 1385, há uma revolução na qual acontece a quitação de alguns direitos e concessão de alguns privilégios por D. João I.
A 7 de Abril de 1385, D. Nuno Álvares Pereira recebeu o reguengo de Sacavém Extra Muros (Talha).
Deste modo, o nome “S. João da Talha” resultou do nome da igreja, cujo padroeiro é “S. João Baptista” que se localizava num “lugar” conhecido por “Talha”. Por isso, com o aumento da população neste lugar, e para melhor situar a igreja, passou a chamar-se “S. João do Lugar da Talha”.
Foi este nome que apareceu no manuscrito do padre Filipe de Carvalho, no séc. XVIII. Mais tarde, o nome “S. João do lugar da Talha” seria considerado demasiado longo, dando preferência a “S. João da Talha”, para simplificar. É esta designação que hoje conhecemos.
A Freguesia de S. João da Talha foi criada em 1388 (Séc. XIV), resultante do desmembramento de Sacavém. “Talha” ganhava autonomia e passava a freguesia localizada no lugar da “Talha Grande”. Nos antigos corógrafos aparece simplesmente designada por Talha. A sua população era cerca de 300 habitantes. No ano de 1389, Simão Albez (Judeu) e mais três pessoas dão de foro a Lourenço Cebolano (também Judeu) umas casas na quinta da Barroca.
Em 1390, Talha era Vigararia da apresentação da Universidade de Coimbra. Nessa altura, o cura tinha de rendimento anual sessenta e quatro alqueires de trigo, um tonel de vinho, quatro cântaros de azeite, dezasseis mil réis em dinheiro e o pé-de-altar.
Em 1391 é conhecida um carta de sentença de D. Nuno Álvares Pereira sobre a jurisdição da Paróquia da Talha. Neste mesmo séc. XIV, sabe-se também que um outro Judeu é dono de um pardieiro de um Mouro do Arrabalde. E dois Mouros, um deles Mamede, são donos de uma vinha no sitio de Cumieira.
O séc. XV é silencioso, não registando acontecimentos relevantes na jovem freguesia. Séc. XVI: 1527, Talha tinha cerca de 200 habitantes.
Em 1528 nasce na freguesia o padre Jesuíta Vicente Rodrigues que se tornou um grande missionário no Brasil, onde é considerado o primeiro “Mestre –Escola”. Conhece-se um manuscrito que data de 1571, de Francisco de Holanda, pedindo ao Rei D. Sebastião para reedificar a antiga ponte romana.
É ainda no séc. XVI que Lisboa, capital do reino, é afectada por uma peste devastadora que forçou o Rei D. Manuel e a sua corte a refugiar-se na Talha (Budel). Deste modo, a presença da família real nesta freguesia deu origem à construção da Ermida de Nossa Senhora dos Remédios, que ainda hoje existe, embora desfigurada.Também no principio do séc. XVII, isto é, em 1609, os representantes da Coroa fazem o mesmo: refugiam-se em Talha pela pureza das suas águas. Situada perto da margem direita do rio Tejo, a Freguesia de S. João da Talha encontra-se a cerca de treze quilómetros da sede do Concelho, para este-sudeste, e a onze de Lisboa. A sua localização geográfica era assim feita pelo Padre Filipe de Carvalho, pároco da freguesia quando decorreram as “Memórias Paroquiais”, inquéritos ordenados em 1758 por D. José nas igrejas do País: “Esta freguesia está situada em um monte que principia da Barca de Sacavém donde se aparta a estrada que vai para a Póvoa de Domingos Martinho e finda o dito Monte no vale de S. Lourenço, que fica para a parte do norte. Tem de comprimento pouco mais ou menos meia légua, desaba o dito monte para a parte do nascente com o rio Tejo, no qual não há desembarcadouro para esta freguesia senão por acaso; e de poente desaba sobre o braço do mar que entra por Sacavém dentro. Desconhece do dito lugar de Unhos, que entre uma e outra freguesia se mete o rio de meio e se avista também Sacavém, que também os divide pelo meio o rio”.
Em termos económicos, merece destaque em S. João da Talha o sector secundário, embora o comércio desempenhe também a função fundamental para a sua população. Numa curiosa publicação sobre a freguesia, de A. Cardoso, era feito um retrato do característico habitante talhense: “S. João da Talha apresenta os últimos exemplares de gente de tez morena, pele tisnada, olhos e cabelos negros ou castanhos, membros secos, tipo sem finura de raça e plástica de linhas, tão afastado em verdade, da gente robusta do norte. É o tipo saloio, hortelão exímio, trabalhador incansável. (...) Pois em S. João da Talha a característica psicológica é ainda a saloia nitidamente distinta do tipo ribatejano que surge a escassos quilómetros em Santa Iria da Azóia. É à horta que o saloio dá toda a sua alma, toda a sua arte.
No mercado da Ribeira ainda aparece o maravilhoso carro artístico de hortaliças do último saloio autêntico”.
Sabe-se que em 1840, S. João da Talha, pertencia ao 3.º Bairro de Lisboa, onde continuou até à criação do concelho dos Olivais, em 1852, por decreto de 11 de Setembro, no qual foi integrada.
No ano de 1880 - S. João da Talha é composta pelas seguintes aldeias: Bobadel, Coreiceira, Talha Pequena, Vale de Figueira e obviamente S. João da Talha.
Com a criação do Concelho de Loures em 26 de Julho de 1886, foi incluída nele. A 28 de Julho de 1896 – Diário do Governo N.º 168, foi anexada à Freguesia de Santa Iria de Azóia, onde esteve integrada, até 1 de Março de 1939, para efeitos administrativos. 1 de Março 1939 reconstituída como Freguesia, pelo DL 29.468. 1989 - Criada a Freguesia da Bobadela, por desanexação da Freguesia de S. João da Talha, originando um decréscimo da população. 1 de Julho de 2003 – Aprovado pela Assembleia da República a Elevação a Vila.
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fonte: www.jf-sjoaodatalha.pt

Um comentário:

Politikus disse...

Sim senhor. Bem contada a história. Já agora fica a saber que S. João da Talha e Forte da Casa são são aglomerados popolacionais desde os romanos... hehehehe