quarta-feira, abril 12

PAUL KLEE E O PEIXE DE LUME

foto retirada do Google

se repentinamente
a infância me doesse a meio de oceânica noite
no espelho de rubra água cercada pela treva
onde nenhum rosto ouse reflectir-se brilharia
o minúsculo peixe de lume
e na obscuridade púrpura sua cabeça de ouro
incendiaria o transparente interior das anémonas

as escamas em jade fulgurando
simulam um sol em cada sonho
vibra um búzio triste uma alga ou um peixe como este
cresce a partir do centro rubro da tela
acende e apaga o distante pulsar da infância

acordo em sobressalto
deparo com a subtil inteligência do peixe
imobilizado na magia barata dum bilhete postal
sei que está numa galeria de arte em hamburgo
deixa-se consumir pelo tempo
e pelo olhar dalgum visitante furtivo sonhador

Al Berto in "O Medo"

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