schiele
Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.
É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.
Carlos Drummond de Andrade
6 comentários:
ah puta...
lei de murphy: há sempre uma puta mais puta que a outra.
...os desenhos são excelentes. boa escolha...
o problema de uma puta não se prende necessáriamente à lei de murphy. as putas de que Drummond de Andrade fala, são as putas da vida, as que oferecem prazer não por prazer mas por necessidade, que fazem com que os homens a desejem, que se sintam homens... acima de tudo, que os ensinam as artes do sexo, que ensinam os caminhos dos prazeres, eles a elas lhes confiam...
as putas, as outras, é como tudo na vida... existem e prendem-se nas mais diversas categorias, e não falo do «beijinho» ou do simples serviço de «mão»!
as putas continuam e continuarão a existir desde que exista o homem... desde que exista a necessidade exarcebada de sentir prazer, de se ter acesso ao prazer... enquanto houver vontade existirá sempre a tentação! isto é: uma puta numa esquina qualquer, perdida numa cidade qualquer, num lugarejo qualquer, largado à simples tentação de poder sentir... um prazer qualquer!
Com um país pelos cantos por pouco não se ouve:
"ah estas putas já não são como as de antigamente..."
O que seria estranho de ouvir!(ou não)
sim, eu percebo o que dizes.
A minha "puta" é ainda uma outra terceira; encerra-se no campo do: "Estão-a-lixar-me-e-eu-a-ver".
É porque estas fodem-te sem pedires nada!!
bjo
peço desculpa pelo palavreado
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