quinta-feira, junho 15

MULHER EM BRANCO


ANTES


Estamos fora de Lisboa e os meus pais
Estamos fora e outra casa, outra vez outra casa
Viemos parecia que a fugir

Os meus pais foram-se deitar e eu fingi que fui também, subi, lavei os dentes



E a torneira quase só pinga, a água um fiozinho


Fiz a cama ao meu irmão, arranjei aqui nuns armários uns cobertores esquecidos, que a minha mãe queria evitar por causa do pó e por não saber por onde andaram


A casa parece de resto
Desconfortável, diz-nos que não somos daqui
Um chão que range por todo o lado, uma das casas de banho tem uma janelinha de madeira que está partida
De maneira que imaginas o frio
Carvalho, Rodrigues Guedes "MULHER EM BRANCO", Lisboa: Publicações dom Quixote, 2006.

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