Cada habitante de Portugal precisa de pelo menos 4,2 hectares de terras e de superfície de água para si. Mas o país só tem 1,6 hectares produtivos per capita.
Resultado: vive além das suas possibilidades e tem um défice ambiental de 2,6 hectares por pessoa. Em poucas palavras, este é o resumo dos cálculos mais recentes da "pegada ecológica" de Portugal, segundo um relatório divulgado hoje pela organização ambientalista WWF. Na óptica do WWF, porém, o país está em condições de mostrar como é possível viver sustentavelmente - através de um projecto imobiliário que a organização internacional considera único, mas que ambientalistas nacionais criticam.
A pegada ecológica contabiliza tudo de renovável que o ser humano consome, expresso num hectare global com produtividade média. Nessa escala, cada português necessita de 0,73 hectares de zonas de cultivo, 0,24 hectares de pasto, 0,32 hectares de florestas e 0,91 hectares de zonas de pesca.
Apenas nas florestas Portugal tem mais capacidade de regeneração do que de consumo. Além disso, para absorver o dióxido de carbono lançado pela queima de petróleo, carvão e gás natural, seriam precisos 1,96 hectares de floresta por habitante. A urbanização - apontada por muitos como o maior cancro ambiental do país - não influi senão marginalmente na pegada: 0,04 hectares.
Os números do relatório do WWF são estimados a cada dois anos pela Rede Global da Pegada Ecológica. Em 2002, Portugal tinha a mesma situação de hoje, com uma pegada de 4,2 hectares.
Em 2004, saltou para 5,2 hectares e agora caiu novamente para os 4,2. O relatório "Planeta Vivo" do WWF apresenta também um índice do estado da biodiversidade na Terra, com base num conjunto de animais e plantas.
"Entre 1970 e 2003, o índice perdeu cerca de 30 por cento", conclui o relatório. O polémico projecto imobiliário da Mata de Sesimbra - um empreendimento para 25 mil pessoas, com casas, hotéis e zonas comerciais - é apresentado pelo WWF como a bandeira do programa One Planet Living, destinado a mostrar que é possível viver com um saldo ecológico equilibrado. O WWF associou-se à empresa promotora Pelicano, que está à frente do projecto.
Organizações ambientalistas portuguesas têm, no entanto, criticado o projecto, sobretudo pelo excesso de construção.
Fonte: Público
Autor: Ricardo Garcia
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