olhou-o dormir
escorregou por entre-lençóis-quentes, virou-o
a respiração coalhava pelas costas, ele finge dormir
solta um ligeiríssimo e desordenado resfolegar, ao sentir o sexo retirar-se
amanhã nem sequer falaremos disto
dormimos
outros dias em que a solidão é mais cruel olha-o só
sentado aqui no meio do quarto
frente aos textos emendados, remediados, remendados
ferido, ele masturba-se
depois acorda-o, conta uma história qualquer, beija-o
sorri-lhe com os lábios a tremerem de abelhas
ele continua a dormir, indiferente ao mel
vagueio pela casa
rente aos ângulos estreitos dos corredores, sem saber por onde fugir-me
BERTO, AL, in O MEDO edições Assírio & Alvim
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