O acesso a uma boa educação e formação é "central" para o bem-estar económico e social dos Estados e das pessoas, defende o relatório Education at a Glance, da OCDE, sobre o estado da educação em cerca de 30 países.
Ter um bom nível de educação é meio caminho andado para obter um bom emprego ou pelo menos por mais tempo. É por isso que na maior parte dos países membros da OCDE(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) o número de estudantes que estão a completar o ensino secundário e o superior está a aumentar, revela o estudo, que analisa dados de 2004 e que foi divulgado ontem, em Paris.
As taxas de emprego sobem à medida que as populações têm níveis de formação mais altos. Esta afirmação reflecte-se no caso português: entre a população dos 25 aos 64 anos que tem o ensino básico, 72 por cento estão a trabalhar; mas entre os que têm o ensino secundário são 80 por cento os que têm emprego e quanto aos licenciados, nove em cada dez estão inseridos no mercado de trabalho. Valores que andam acima dos da média da OCDE: 84 por cento dos que fizeram uma formação superior estão empregados; em contraste, só 56 por cento dos que têm menos do que o secundário é que estão a trabalhar.
Fazer o ensino superior é um investimento económico sobretudo para os estudantes, mas é uma mais-valia, continua o relatório. São os que têm mais formação que podem obter melhores salários - embora as mulheres continuem a ser discriminadas, sublinha a OCDE. Mas não é só em termos económicos que um licenciado beneficia. São muitos os estudos, feitosa nível nacional, que indicam que há uma relação positiva de causa/efeito entre o ter frequentado o ensino superior e a boa saúde física e mental,refere o texto.
Formações mais curtas
A OCDE dá conta do aumento do número dos que chegam ao ensino superior. Em alguns países, mais de um terço dos jovens com idade para estarem no ensino superior estão envolvidos nesse tipo de formação. A média da OCDE é de 34,8 por cento, quando em 2000 era de27,5. Portugal não é excepção, ainda assim a percentagem de estudantes que se encontram no ensino superior é de 32,8 - ficando o país precisamente a meio da tabela entre os 30 Estados analisados.
Por cá ainda são poucos os estudantes que optam por uma formação a que a OCDE chama de "tipo B", ou seja, um curso superior com uma orientação mais vocacional e mais curta. A média dos 30 Estados é de 9,2; Portugal fica-se pelos 8,3 por cento. Os países mais industrializados, como o Japão, fazem uma grande aposta nesta formação (26 por cento).
A OCDE defende que quanto mais curtas forem as formações superiores mais capacidades têm os alunos de as terminar mais cedo. Em Portugal, os cursos analisados têm cinco ou mais anos - com a aplicação do processo de Bolonha, que procura uma harmonização do ensino superior no espaço europeu, as licenciaturas vão ter durações menores.
Apesar de entrarem no superior, cerca de 30 por cento dos alunos portugueses não terminam os estudos. Um número que anda muito perto da média da OCDE. Em pior situação estão os americanos, mexicanos e neozelandeses: apenas metade termina. Do outro lado da tabela estão os japoneses, irlandeses e coreanos, com taxas de sucesso acima dos 80 por cento.
Superior: menos investimento
Na maior parte dos países, à medida que o nível de ensino aumenta, sobe a despesa anual por aluno. A média da OCDE é de 5380 euros por estudante. Portugal aparece em 23.º em 33 países (incluindo quatro que não são membros da OCDE), com um gasto de 4421 euros anuais.
Em todos os níveis de ensino, a despesa portuguesa é inferior à média da OCDE. Por exemplo, em média, os membros da OCDE gastam 8868 euros com os alunos do superior; Portugal fica-se pelos 5673 euros por estudante. Portugal faz parte do grupo dos que menos gastam, mas quando se cruza essa despesa com o produto interno bruto (PIB) per capita, a OCDE conclui que, em proporção, o país gasta mais do que a média. Entre 1995 e 2003, a despesa subiu 35 por cento, devido ao aumento do número de alunos que chegam ao superior.
Fonte: Público
Autor: Bárbara Wong
Um comentário:
Era bom era, mas dando de barato que é verdade, o que eu não acredito, gostaria de saber se nove em cada dez dos licenciados estão a trabalhar na área em que se formaram? Ou estarão a trabalhar numa caixa do Continente?
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