Mais de um milhão e meio de crianças com menos de cinco anos morrem todos os anos por falta de água potável e de saneamento básico. A Unicef contabiliza que 4200 morrem diariamente. Se no mundo desenvolvido não há gesto mais interiorizado que o de abrir uma torneira, no resto do mundo há milhões de pessoas que continuam a não dispor de água potável; quanto ao saneamento a situação ainda é pior, afirma o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Progressos para as Crianças: Um relatório sobre água e saneamento, a divulgar hoje em Nova Iorque.
O estudo refere que no mundo há 425 milhões de crianças e jovens menores de 18 anos que não têm acesso a abastecimento de água e mais de 980 milhões não têm saneamento adequado. Olhando para o número de crianças com menos de cinco anos: mais de 125 milhões vivem em casas sem acesso a água potável e mais de 280 milhões não usufruem de saneamento.
"Cada uma dessas crianças é um indivíduo único cujos direitos estão a ser infringidos e cuja saúde está a ser ameaçada desde o nascimento", critica o relatório.
Tanto as crianças como os adultos dessas regiões onde faltam condições básicas estão dependentes de águas provenientes de rios, lagos ou ribeiros e correm risco de vida ao bebê-las."A água limpa e o saneamento são pré-requisitos cruciais para uma nutrição melhorada, a redução da mortalidade infantil e materna e o combate às doenças", aponta a directora-executiva da Unicef, Ann M. Veneman, em comunicado.
Doenças e morte
A Unicef calcula que, todos os anos, a ingestão de água insalubre, a falta de água para limpezas e lavagens e o saneamento estão na origem de 88 por cento das mortes por disenteria - 1,5 a 1,9 milhões de crianças. Um número que representa 18 por cento do total de crianças menores de cinco anos que morrem no mundo.
A falta de água potável também está na origem da transmissão de doenças infecciosas, como a pneumonia.
As doenças relacionadas com a água e o saneamento podem afectar ainda a escolarização das crianças. Já a construção de instalações sanitárias melhoradas pode reduzir em mais de um terço a ocorrência de disenteria nas crianças mais novas. Com melhores práticas de higiene poderá diminuir-se em dois terços essas doenças, contabiliza o estudo.
Para a Unicef é essencial que os números da mortalidade infantil mudem. Para isso, os países devem cumprir os Objectivos do Milénio assinados há seis anos, recomenda. Um dos objectivos traçados pelas Nações Unidas é que até 2015 se reduza para metade a proporção de pessoas que não têm acesso sustentável a água e saneamento básico. Esta meta vai obrigar a que os estados dupliquem os seus esforços para conseguirem cumpri-la.
A Unicef recorda que este objectivo está intimamente ligado à melhoria das condições de alimentação, educação e saúde, já para não falar do estatuto das mulheres, uma vez que muitas raparigas deixam de estudar para poderem ir buscar água potável para as famílias ou porque nos estabelecimentos de ensino não existem instalações sanitárias diferenciadas.
A organização reconhece que tem havido esforços para cumprir os Objectivos do Milénio. Entre 1990 e 2004 verificou-se que a cobertura global de abastecimento de água potável aumentou de 78 para 83 porcento e a de saneamento subiu dez pontos, para 59 por cento.
A Unicef acredita que 75 países em vias de desenvolvimento vão conseguir cumprir até 2015 a meta de ter água potável e saneamento básico para todos.
Fonte: O Público
Autor: Bárbara Wong
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