quarta-feira, dezembro 21

MÁRIO SOARES VS CAVACO SILVA

Usando uma linguagem futebolística, o debate entre Mário Soares e Cavaco Silva, lembrou-me um daqueles encontros de futebol realizado entre a equipa que se encontra no 1.º lugar da classificação, contra uma equipa do meio da tabela, que tem de forçosamente ganhar o encontro para se tornar campeã. Começa quase sempre ao ataque, remetendo o seu adversário a uma defesa cerrada. Tal como a política, o futebol não é uma ciência exacta, acabando por vezes (muitas vezes) de ganhar a equipa considerada mais fraca.
No debate de ontem o candidato Mário Soares, atendendo ao resultado das últimas sondagens, que lhe davam o terceiro lugar, entendeu que a melhor estratégia era atacar o seu oponente logo de início. Político experiente, tentou desestabilizar Cavaco Silva, afirmando que Cavaco não tem uma formação democrática, que era um razoável economista, mas não era nenhum prémio Nobel, que era um político intermitente, que se apresentava como um “salvador da pátria”, criando expectativas aos portugueses, que não poderia cumprir, dado a eleição ser para Presidente da República e, não para 1º Ministro.
Cavaco Silva como já vem sendo hábito, tentou desviar-se das críticas que lhe eram feitas, centrando o debate nas suas qualidades. Várias vezes afirmou “eu” se for eleito Presidente da República, procurarei resolver a crise económica, procurarei resolver o problema da agricultura portuguesa, procurarei melhorar o sistema de ensino, minorar o abandono escolar, quando confrontado para dizer concretamente o que faria, não responde, ou apela aos portugueses, para a leitura dos seus pensamentos, que se encontram explanados, nos vários livros que já publicou. Cavaco surpreendeu-me quando foi insinuado (de forma deselegante) pelo seu oponente, que os seus amigos da Europa falavam mal dele, sem concretizar. Cavaco afirmou que se tinha que conter. Não caiu na rasteira de Mário Soares. Demonstrou que estava preparado para o jogo.
Tenho dúvidas que o debate tenha servido para ajudar os indecisos.
Tenho dúvidas que os portugueses (a maioria) alguma vez tenham lido os livros do professor Aníbal Cavaco Silva, para serem conhecedores do seu pensamento abrangente, sobre economia, finanças, ensino, agricultura, globalização.
Tenho dúvidas, que Mário Soares tenha conseguido ganhar votos ao centro/direita; o facto de já ter sido presidente durante dois mandatos, o facto de o Partido Socialista não ter querido, com as forças à sua esquerda, “arranjar”, um candidato agregador da denominada esquerda, não o venha prejudicar.
Quanto ao debate propriamente dito, considero que se tratou de um empate.

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