sexta-feira, dezembro 9

Estóicos velhos do meu País

Tu és feliz, vives na alta,
e eu de rastos como a cobra,
Porquê? Porque tens de sobra
o pão que a tantos faz falta.

António Aleixo

Em Portugal, cerca de 21% da população (segundo dados do INE) vive no limiar da pobreza.
Em Portugal, segundo dados de 2004 do ISS (Instituto da Segurança Social), existiam 2.647.110 pensionistas, sendo 2.171.172 do Regime Geral, 277.120 de Invalidez, 1.351.665 de Velhice e 542.387 de Sobrevivência.
Se considerar-mos que estes pensionistas não se encontram no limiar da pobreza, já que têm algum rendimento (por muito miserável que seja), dado o valor das suas pensões serem bastante baixas, podemos com facilidade concluir, que uma grande fatia da população, principalmente a mais idosa, aquela mais atreita a doenças – muitas delas crónicas, vive (não sei como se poderá chamar a isto viver), já que por vezes (quase sempre) nem dinheiros têm para adquirirem a medicação necessária ao tratamento das suas doenças. Muitos deles têm de tomar a difícil decisão de não adquirirem aqueles medicamentos, considerados por si, de menos importantes, com os riscos dai resultantes, para poderem ficar com algum dinheiro para a aquisição de pão, leite, e alguns legumes para a sopa, não tendo o privilégio de saborearem, um bom naco de carne ou peixe.
Muitos destes idosos não percebem, como é que não havendo dinheiro para aumentar as suas pensões para valores aceitáveis (dignos), o governo anuncia com grande pompa e circunstância, gastar rios de milhões de euros, em empreendimentos como o novo aeroporto da Ota, no TGV, em subsídios de renda de casa para ministros, cuja residência pessoal, se localiza fora de Lisboa, em aquisições de carros de luxo, em deslocação de avião para assistir a um jogo particular da selecção nacional de futebol.
Estes idosos que são pobres, mas não acéfalos, ficam muito tristes por verificarem que os seus governantes, só se lembram deles, nas proximidades de actos eleitorais.
Tenho pena que os nossos idosos, não tenham ainda castigado aqueles charlatães, que de quando em vez, lhes acenam com algumas migalhas, faltando de seguida ao prometido.
E o seu voto, bem canalizado, poderia mudar muita coisa...

Um comentário:

Anônimo disse...

das poucas tristezas que guardo é a questão da relatividade do tempo...saber que as pessoas se resguardam no facto real do «tempo» ser na verdade relativo. no entanto esta relatividade não desculpa nem perdoa o facto de nós seres humanos, ditos como ser racionais e superiores - questiono superiores a quê ou a quem ?? - nos desculpar das nossas acções. A verdade é que cada acto isolado padece da sua respectiva consequência. A nossa indiferença face ao que nos rodeia apenas nos enfraquece e nos torna mais podres...será demasiado eloquente pedir que nós, comuns mortais, que representam a possível mudança das coisas, se renderem à desculpa que nada depende de nós, enquanto indivíduos, mas sim do fado que nos pertence e nos é inato? O tempo é relativo: é um facto!E isso a ninguém pertence... O meu «agora» é diferente do dos outros, mas existem pontos de concordância... a mudança da inércia presente, a mãe dos grandes males deste país, a nós pertence... e mais não digo. Afinal quem se dá pelo nome cocóranhetaefacada não deve de todo ser tomado em atenção... mas que a relatividade não se resume ao facto de um cabelo na cabeça de um careca ser pouco e, esse mesmo cabelo, num prato de sopa ser «agora» muito, isso creio que não... chega de relatividades...