O Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) revelou ontem que a equipa que geria a plataforma informática dos tribunais, o Citius, já desde 2010 que alertava para os erros do sistema e que foram feitos quatro relatórios sobre o assunto. Este período abrange o último governo de José Sócrates, com Alberto Martins no Ministério da Justiça (até julho de 2011), e o atual Executivo com a ministra Paula Teixeira da Cruz.
Num comunicado intitulado ‘Respostas às mentiras do responsável do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ)’, na sequência das declarações ao ‘Expresso’ de Carlos Brito, número um da informática do ministério, que acusa a anterior equipa de ter deixado uma espécie de "saco com mil peças de um puzzle sem o desenho", o SFJ revela que os primeiros relatórios são de janeiro e dezembro de 2010. Segundo o documento, a equipa apresentou um projeto de reformulação dos sistemas de informação e relatava todos os constrangimentos da estrutura, depois de ter sido testada em 2009. O mesmo aconteceu em 2011 e em maio de 2012, quando "o gabinete da ministra solicitou um planeamento sobre a reformulação do mapa judiciário", que foi entregue em junho de 2012.
Em janeiro de 2013, a equipa demitiu-se, porque foi informada de que o seu trabalho iria servir de base a uma empresa privada, que iria continuar o projeto.
O texto do SFJ termina com ironia, referindo que os membros da equipa "assumem a culpa por, em maio de 2013, já depois de terem saído, o Ministério da Justiça ter decidido banir o Citius Plus e ter decidido avançar com o H@bilus/Citius, mesmo sem a parte significante, que nunca foi posta em produção por falta de autorização. Está explicado no documento de junho de 2012 porque é que tudo o que estava desenvolvido deveria ter sido posto em produção".