Quando penso
a neve cai em mim
com uma lentidão sobrenatural
Não bate leve
Como quem chama por mim:
Não bate
Não chama
nem sequer cai
Paira
suspensa do tecido da matéria
onde só a luz cria o espaço
Mas sem luz não há espaço
e decorada por uma réstia de sol
imagino o meu pequeno vulto
lutando com o infinito descerto-acerto
Quando penso
no meu peito estremece
a oferenda última
duma fractura oculta.
Hatherly, Ana in O Pavão Negro, Assírio & Alvim, Abril 2003
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