Lembro-me como se fosse hoje de neste dia te levar a ti e a tua irmã até à Avenida da Liberdade para vos mostrar os desfiles comemorativos do 25 de Abril. Eram vocês umas jovens crianças, tu Catarina tinhas na altura pouco mais de 2 anos, a tua irmã Inês ainda não tinha 1 ano. Desde muito cedo tive a preocupação de vos ensinar o significado daquela data. Desde sempre tive a preocupação de lhes ensinar de como se vivia em Portugal antes do 25 de Abril, onde os cidadãos não tinham liberdade de expressão, de reunião, de manifestação, onde os Media estavam sujeitos à censura, não existiam partido políticos legalizados. Vivíamos numa ditadura fascista de partido único. Foram ensinamentos muito elementares com o intuito de vos abrir o gosto pela investigação – queriam saber mais, procurassem nos livros, depois, se quisessem, trocassem impressões com os pais. Cresceram sabendo o que tinha sido o país no Estado Novo, cresceram com os primórdios da Revolução de Abril. Tenho orgulho nas minhas filhas; consideram-se esclarecidas, têm consciência política. Exercem o seu direito de cidadania votando, quando são chamadas a fazê-lo.
Hoje a Catarina tem 25 anos, tem uma licenciatura em Arquitectura, teve de deixar o país em finais de Janeiro (ficou desgostosa por não poder exercer o seu voto no referendo sobre a Despenalização Voluntária da Gravidez, onde se preparava para votar sim) para exercer a sua profissão em terras espanholas. Encontra-se a trabalhar como arquitecta em Barcelona. É um(a) dos milhares de jovens licenciados que não têm oportunidade de trabalhar no seu país. Ao contrário de muitos, resolveu deixar o país por ter a plena consciência de que em Portugal, na sua área de trabalho, não ter hipóteses de exercer a sua profissão. Tal como noutras áreas, os lobbies são poderosos, os grandes trabalhos de arquitectura são sempre para os mesmos arquitectos. Não é necessário mencionar nomes. O mesmo se passa na Advocacia, na Engenharia.
Hoje a Catarina tem 25 anos, tem uma licenciatura em Arquitectura, teve de deixar o país em finais de Janeiro (ficou desgostosa por não poder exercer o seu voto no referendo sobre a Despenalização Voluntária da Gravidez, onde se preparava para votar sim) para exercer a sua profissão em terras espanholas. Encontra-se a trabalhar como arquitecta em Barcelona. É um(a) dos milhares de jovens licenciados que não têm oportunidade de trabalhar no seu país. Ao contrário de muitos, resolveu deixar o país por ter a plena consciência de que em Portugal, na sua área de trabalho, não ter hipóteses de exercer a sua profissão. Tal como noutras áreas, os lobbies são poderosos, os grandes trabalhos de arquitectura são sempre para os mesmos arquitectos. Não é necessário mencionar nomes. O mesmo se passa na Advocacia, na Engenharia.
Este país não merece esta juventude.
A Inês estuda em Valência, está a acabar a sua licenciatura em Artes – Escultura, também ela tem a noção de que em Portugal não terá hipóteses nenhuma de desenvolver as suas aptidões artísticas. Tal como a irmã, também ela está disposta a ficar por terras espanholas. São duas jovens felizes por saberem que os seus concidadãos vivem em Democracia, o que nem sempre foi possível. São duas jovens cidadãs que transportam consigo alguma tristeza, por assistirem que no seu país, um governo dito ‘socialista’, em dois anos de governação, nada tem feito para melhorar as condições de vida dos portugueses. É o ataque desenfreado aos funcionários públicos, com retirada de direitos constitucionalmente consagrados. É o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, com o fecho de Maternidades e serviço de Urgências em Hospitais, com posterior abertura de serviços privados: de Saúde e Maternidades. É a falência de fábricas e a deslocalização de multinacionais para países onde a mão-de-obra é mais barata, com o aumento de desemprego a atingir agregados familiares que, de um momento para o outro se vêm sem poderem auferir de rendimentos que lhes permitam viver com dignidade. É a corrupção a aumentar exponencialmente sem que a Justiça consiga provar, por desleixo ou inércia, a culpabilidade de nomes sonantes. Os colarinhos brancos, continuam cada vez mais brancos. São arguidos com processos em tribunais que mantêm governação de Câmaras Municipais (casos de Isaltino Morais e, Valentim Loureiro) é o arrastamento do julgamento Casa Pia, é de certa forma o desânimo de jovens que acreditaram ser possível viver aqui, num país mais justo, onde as desigualdades (que sempre existirão) diminuíssem e, não aumentassem, como acontece neste momento.
Elas continuam a acreditar ser possível viver num Mundo melhor. Eu também gostaria de partilhar esse sonho…
A Inês estuda em Valência, está a acabar a sua licenciatura em Artes – Escultura, também ela tem a noção de que em Portugal não terá hipóteses nenhuma de desenvolver as suas aptidões artísticas. Tal como a irmã, também ela está disposta a ficar por terras espanholas. São duas jovens felizes por saberem que os seus concidadãos vivem em Democracia, o que nem sempre foi possível. São duas jovens cidadãs que transportam consigo alguma tristeza, por assistirem que no seu país, um governo dito ‘socialista’, em dois anos de governação, nada tem feito para melhorar as condições de vida dos portugueses. É o ataque desenfreado aos funcionários públicos, com retirada de direitos constitucionalmente consagrados. É o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, com o fecho de Maternidades e serviço de Urgências em Hospitais, com posterior abertura de serviços privados: de Saúde e Maternidades. É a falência de fábricas e a deslocalização de multinacionais para países onde a mão-de-obra é mais barata, com o aumento de desemprego a atingir agregados familiares que, de um momento para o outro se vêm sem poderem auferir de rendimentos que lhes permitam viver com dignidade. É a corrupção a aumentar exponencialmente sem que a Justiça consiga provar, por desleixo ou inércia, a culpabilidade de nomes sonantes. Os colarinhos brancos, continuam cada vez mais brancos. São arguidos com processos em tribunais que mantêm governação de Câmaras Municipais (casos de Isaltino Morais e, Valentim Loureiro) é o arrastamento do julgamento Casa Pia, é de certa forma o desânimo de jovens que acreditaram ser possível viver aqui, num país mais justo, onde as desigualdades (que sempre existirão) diminuíssem e, não aumentassem, como acontece neste momento.
Elas continuam a acreditar ser possível viver num Mundo melhor. Eu também gostaria de partilhar esse sonho…
Um comentário:
obrigada pai por me teres ensinado a acreditar que é possivel mudar... espero tempos de mudança!!! e terei sempre como lema de vida SIM PORQUE POSSO... a liberdade faz parte de mim!!!!
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