Portugal e a Espanha são, a par com a Itália, os países da União Europeia com um resultado mais fraco no crescimento da produtividade do trabalho durante o ano de 2006.
O relatório elaborado pelo instituto norte-americano Conference Board estima que a taxa de crescimento da produtividade laboral em Portugal tenha descido, entre 2005 e 2006, de 0,9% para 0,3%.
Estes números colocam Portugal no terceiro lugar mais baixo no ranking deste indicador entre os 27 membros da UE e confirmam que a retoma da economia portuguesa durante o ano passado não foi acompanhada por um resultado positivo ao nível da produtividade, mas apenas por uma recuperação do emprego.
A desaceleração de 0,6 pontos percentuais entre 2005 e 2006 foi ainda a mais forte entre todos os países da UE, apenas igualada pela Hungria.
Portugal regista, em 2006, uma variação da produtividade que é idêntica à média registada desde o ano 2000 e que constitui uma quebra significativa face à média anual de 2,4% que se conseguiu entre 1987 e 1995.
Com uma taxa de crescimento da produtividade ainda mais negativa esteve a Espanha. Em 2006, este indicador caiu no país vizinho a uma taxa de 0,5%, depois de nos dois anos anteriores já ter registado descidas de 0,6%. Apesar de a sua economia ser uma das que mais crescem na Europa, a Espanha destaca-se pela negativa ao nível da produtividade, sendo o único país com uma média anual negativa durante o período de 1995 a 2006.
Os autores do relatório ontem tornado público pelo Conference Board dizem que "os números do crescimento económico espanhol são caracterizados por um contínuo trade-off entre o crescimento da produtividade e o do crescimento, afectando a capacidade para fazer subir o rendimento per capita da população".
Em relação aos outros dois países europeus com maus resultados, a Itália e Portugal, o relatório explica que "o desempenho económico é fraco tanto do lado da produtividade como do crescimento do emprego".
Apesar de o crescimento económico ser feito, quase na totalidade, através do aumento das horas trabalhadas pela população, a verdade é que a taxa de desemprego espanhola se mantém, apesar da descida dos últimos anos, entre as mais altas da Europa e consideravelmente acima de Portugal. Este fenómeno tem como uma das principais explicações o aumento muito acentuado da população imigrante a residir no País.
Só assim tem sido possível às empresas de vários sectores em Espanha aumentar a sua força de trabalho sem que as pressões no mercado laboral aumentassem, provocando por essa via aumentos salariais mais elevados do que os registados.
Fonte: Diário Notícias
Autor: Sérgio Aníbal
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