Portugal tem só mais dois anos para resolver os problemas do Estado e da economia, nomeadamente, o da sustentabilidade da Segurança Social, para escapar a um atraso estrutural permanente, afirmou esta terça-feira o professor universitário Medina Carreira.
«Um cenário realista para Portugal é algures entre o de país ultra-periférico e o de extensão do norte de África», os dois cenários mais pessimistas de três traçados num estudo do Instituto Técnico para a Indústria da Construção (ITIC) da AECOPS, apresentado esta terça-feira durante a sessão inaugural do ciclo de conferências da associação, no qual Medina Carreira foi orador convidado.
Dos dois cenários, que têm 2020 como horizonte temporal, «intuitivamente, diria que [Portugal] vai ficar mais para baixo. Será consoante o que se fizer nos próximos dois anos», adiantou o professor e investigador.
Para Medina Carreira, antes de «resolver os problemas da economia» Portugal deve «resolver os problemas do Estado», nomeadamente, o peso excessivo na economia, o elevado número de funcionários públicos e a despesa da Administração Central e Local, mas também ao nível estrutural, como o sistema eleitoral e político.
«Vivemos num país onde não há diversidade ideológica. Todos são social-democratas, desde o Doutor Louçã ao Doutor Ribeiro e Castro. Todos acreditam no Estado Social, querem o pleno emprego e redistribuir socialmente a riqueza, mas cada vez há menos para redistribuir», afirmou.
Perante cerca de 300 pessoas, na Feira Internacional de Lisboa, Medina Carreira criticou ainda o governo por «andar por aí a dizer que é preciso ser optimista», quando «o país precisa de saber a verdade».
E a «verdade», afirmou, é que «não vai haver dinheiro para pagar as pensões dentro de poucos anos».
«No dia em que eu vir um ministro das Finanças na televisão a dizer isto, que não vai haver dinheiro para pagar as pensões, aí eu fico optimista», ironizou.
A solução «não é fácil», admitiu, passando por corrigir com urgência, e retroactivamente, as despesas e contribuições da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações.
«Não há solução possível sem se percorrer este calvário» do descontentamento dos contribuintes, que surgirá agora ou quando «aqueles que se reformaram depois de andarem a descontar durante anos para um determinado nível de pensões não receberem o que esperam.
Fonte: Diário Digital
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