Os resultados dos três maiores bancos portugueses não reflectem sintomas da crise económica
Em 2005, ano em que a economia nacional permaneceu no limiar da estagnação, os lucros do Banco Comercial Português (BCP), do Banco Espírito Santo (BES) e do Banco Português de Investimento (BPI), os três maiores bancos nacionais, aumentaram, em termos médios, 42 por cento face a 2004. Os resultados líquidos globais cifraram-se em quase 1300 milhões de euros – um valor histórico.
O forte aumento dos lucros do sector financeiro nacional surge em contraciclo com a crise económica que se vive no país: o PIB sobe apenas 0,3 por cento e o desemprego acelera para valores acima dos 7,5 por cento. Como é que os lucros dos bancos cresceram tanto, se a economia portuguesa cresceu tão pouco? De acordo com analistas, o bom desempenho da banca é o resultado da conjugação de vários factores: contributo positivo da actividade internacional; vendas extraordinárias (o BCP arrecadou 143,3 milhões de euros), benefícios fiscais, aumento do produto bancário (crescimentos à volta dos quatro por cento), dos recursos dos clientes e das comissões cobradas pelos serviços que prestam.
E, apesar de as famílias manterem altos níveis de endividamento (a taxa de endividamento corresponde a 118 por cento do rendimento disponível), a poupança dos portugueses parece estar aumentar, com os recursos dos clientes a crescerem entre nove e 14 por cento.
Os bancos possuem ainda outras fontes de rendimento (lucros das operações financeiras), que não dependem da actividade económica doméstica.
Em período de desaceleração da actividade económica doméstica, os bancos anteciparam a crise, começando a arrumar a "casa" em 2000. O ajustamento da actividades ocorreu mais cedo do que noutros sectores, através da venda de activos e da redução do quadro de pessoal. Essa diminuição de colaboradores só agora começa a reflectir-se nas suas contas. Só o BCP assistiu à saída de 40 por cento dos seus funcionários desde 1999, prevendo uma poupança em 2006 de 40 milhões de euros em custos de pessoal. Sendo Portugal uma economia de média dimensão, o BCP, o BES e o BPI procuraram ganhar escala e encontrar novas fontes de receitas no estrangeiro. No conjunto, as operações exteriores renderam em 2005 a estes três bancos 218,6 milhões de euros em resultados líquidos, o que representa cerca de 17 por cento dos lucros totais. Enquanto Teixeira Pinto, do BCP, está a beneficiar do amadurecimento da actividade na Polónia, via Bank Millennium, Fernando Ulrich, do BPI, e Ricardo Salgado, do BES, estão a colher os frutos dos seus investimentos em Angola, um mercado onde o PIB cresce a taxas superiores a 20 por cento ao ano. Os analistas avisam que os efeitos das novas normas contabilísticas estão a provocar alguma distorção nos resultados da banca relativos a 2005.
Fonte: Público
Em 2005, ano em que a economia nacional permaneceu no limiar da estagnação, os lucros do Banco Comercial Português (BCP), do Banco Espírito Santo (BES) e do Banco Português de Investimento (BPI), os três maiores bancos nacionais, aumentaram, em termos médios, 42 por cento face a 2004. Os resultados líquidos globais cifraram-se em quase 1300 milhões de euros – um valor histórico.
O forte aumento dos lucros do sector financeiro nacional surge em contraciclo com a crise económica que se vive no país: o PIB sobe apenas 0,3 por cento e o desemprego acelera para valores acima dos 7,5 por cento. Como é que os lucros dos bancos cresceram tanto, se a economia portuguesa cresceu tão pouco? De acordo com analistas, o bom desempenho da banca é o resultado da conjugação de vários factores: contributo positivo da actividade internacional; vendas extraordinárias (o BCP arrecadou 143,3 milhões de euros), benefícios fiscais, aumento do produto bancário (crescimentos à volta dos quatro por cento), dos recursos dos clientes e das comissões cobradas pelos serviços que prestam.
E, apesar de as famílias manterem altos níveis de endividamento (a taxa de endividamento corresponde a 118 por cento do rendimento disponível), a poupança dos portugueses parece estar aumentar, com os recursos dos clientes a crescerem entre nove e 14 por cento.
Os bancos possuem ainda outras fontes de rendimento (lucros das operações financeiras), que não dependem da actividade económica doméstica.
Em período de desaceleração da actividade económica doméstica, os bancos anteciparam a crise, começando a arrumar a "casa" em 2000. O ajustamento da actividades ocorreu mais cedo do que noutros sectores, através da venda de activos e da redução do quadro de pessoal. Essa diminuição de colaboradores só agora começa a reflectir-se nas suas contas. Só o BCP assistiu à saída de 40 por cento dos seus funcionários desde 1999, prevendo uma poupança em 2006 de 40 milhões de euros em custos de pessoal. Sendo Portugal uma economia de média dimensão, o BCP, o BES e o BPI procuraram ganhar escala e encontrar novas fontes de receitas no estrangeiro. No conjunto, as operações exteriores renderam em 2005 a estes três bancos 218,6 milhões de euros em resultados líquidos, o que representa cerca de 17 por cento dos lucros totais. Enquanto Teixeira Pinto, do BCP, está a beneficiar do amadurecimento da actividade na Polónia, via Bank Millennium, Fernando Ulrich, do BPI, e Ricardo Salgado, do BES, estão a colher os frutos dos seus investimentos em Angola, um mercado onde o PIB cresce a taxas superiores a 20 por cento ao ano. Os analistas avisam que os efeitos das novas normas contabilísticas estão a provocar alguma distorção nos resultados da banca relativos a 2005.
Um comentário:
Ricardo Salgado, gran gestor
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