OS DOIS DISCURSOS
Há muito que nos ausentámos do exercício da moral e da prática do civismo. Não prestamos atenção ao que vemos e ouvimos, como se tudo ocorresse longe do nosso quotidiano banal. A desordem, a picuinha, a confusão interior campeiam e parecem situar-se para lá da razão. Há dias, um enfatuado guru da direita causticava, severamente, a RTP, pela circunstância de, numa entrevista de Judite de Sousa a Manuela Ferreira Leite, o realizador ter filmado grandes planos da senhora, cujo rosto estava (naturalmente) sulcado de rugas. A recriminação seria grotesca se não assumisse a insinuação inquietante de que tudo aquilo configurava um preconceito de ordem política. Entende-se o que subjaz à delação; mas entramos nos domínios da indecência.
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