O ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga, considera que a execução do memorando de entendimento poderia ter sido melhor por parte do Governo português. O Executivo de Passos Coelho podia ter pressionado “de forma visível” a troika para fazer “uma revisão global” das metas do memorando e não soube “fazer a pedagogia necessária” para reduzir a despesa pública, diz. Catroga questiona mesmo a “qualidade” das reformas estruturais levadas a cabo nos últimos três anos. Em termos políticos, o antigo conselheiro do primeiro-ministro diz que a crise política de 2013 “atrasou o processo” da recuperação portuguesa e questiona a falta de consensos.
Num artigo sobre crise portuguesa a ser publicado no próximo número da “Cadernos de Economia”, revista oficial da Ordem dos Economistas portugueses, a que o Observador teve acesso, Eduardo Catroga relata a sua visão do início da crise, da negociação do memorando, da sua execução e do futuro da economia do país – um analista privilegiado já que foi conselheiro de Passos Coelho nas negociações para viabilizar o Orçamento de Estado de 2011 com Teixeira dos Santos e acompanhou o atual primeiro-ministro à única reunião que o PSD teve com a troika antes da concretização do memorando. Foi ainda um dos autores do programa eleitoral de Passos nas legislativas.