Dizem os títulos que “Seguro culpa Costa pela descida do PS nas sondagens”. Mas não, a culpa não é de António Costa. Dizem outros títulos “Costa: sondagem revela necessidade de mudança” mas valha a verdade que a culpa também não é de Seguro. Apetece dizer que a culpa é do socialismo que enquanto ideologia assente na distribuição do dinheiro dos outros não encontra o seu caminho nestes tempos em que o dinheiro próprio acabou e o dos outros implica juros. Mas também isso não é suficiente enquanto explicação. Aliás não é impossivel construir um discurso socialista sobre justiça fiscal, estado social… Assim os socialistas o quisessem.
Mas voltemos à culpa ou, melhor dizendo, ao estado de estupefacção dos socialistas pelo facto de, caso as legislativas tivessem lugar agora, a coligação governamental sair vitoriosa. A culpa deste resultado é da burguesia. Não da burguesia que vota no PSD ou no CDS. Em primeiro lugar porque não é certo que a burguesia vote maioritariamente nesses dois partidos e sobretudo porque os votos da burguesia não são suficientes para ganhar eleições. Já a visão burguesa do mundo pode ser mais que suficiente para que se percam. E é esse o maior problema do PS e de muitos dos seus congéneres europeus: tornaram-se partidos burgueses.
Os socialistas vêem o mundo e os eleitores do interior da sua redoma de altos quadros da administração pública, dos institutos, das ordens, das fundações e dos observatórios e sobretudo vêem-no pelos olhos burgueses dos seus compagnons de route que fazem manifestos da cultura com as sucessivas personalidades em que a esquerda vê um D. Sebastião. A burguesia que tomou conta da esquerda em geral e dos socialistas em particular vem maioritariamente de um mundo estatal ou dependente dele em que o contribuinte paga o ordenado, o projecto, o sonho… e o logotipo.
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