sábado, novembro 30

"Se o PS não responde à situação em seis meses, há uma crise de regime"

Socialista, mas com a autonomia de sempre. A mesma que o fez saltar do partido (com uma incursão no PRD) a dada altura e o fez voltar, sentindo sempre que o perdão não foi total. José Medeiros Ferreira lança desafios vários ao actual líder do PS, doseados com farpas - "tem de perder o temor de não reunir a esquerda. As crianças das juventudes partidárias ficaram embebidas nesse temor" - e entra no tabuleiro das presidenciais para retirar António Costa e firmar António Guterres. Passou pelo governo, pelo parlamento, tem um largo percurso académico. Podia ter sido conselheiro de Estado, mas Sócrates mudou de ideias sem nunca lhe explicar porquê. "Fiz a minha vida", diz Medeiros, numa conversa com o i em que a Europa foi tema de arranque.
Lançou agora um livro sobre integração europeia, quando vivemos uma crise sem precedentes. Consegue encontrar o ponto em que começámos a ir pelo caminho que nos levou a esta situação?
Podia talvez marcar o ano de 1992, quando Portugal teve a primeira presidência da UE e, por essa razão e não por qualquer raciocínio económico ou financeiro, resolveu aderir ao sistema monetário europeu, cujas negociações a Grã-Bretanha tinha declinado. Portugal avançou, mesmo aceitando uma taxa de câmbio que sobrevalorizava o escudo. Toda a gente fala nas leis laborais e na má organização das empresas, mas poucos dizem que a primeira grande talhada na competitividade internacional da economia portuguesa foi dada pelos nossos negociadores financeiros: o ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal, no dia 4 de Abril de 1992.

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