Um homem incomparável.
Três palavras que provocam escândalo. A 22 de Fevereiro de 1862, num anfiteatro repleto do Colégio de França, a lição inaugural de Ernest Renan, o autor do crime, vai ser também a última. Na França do Segundo Império, qualificar Jesus de homem incomparável - e nada mais - equivale a renegar a divindade. Dois anos mais tarde, o escritor é afastado da cadeira de Hebraico que, sob influência de uma amiga de infância, Napoleão III lhe tinha oferecido. Entretanto, fora publicada a sua Vida de Jesus. O sucesso é enorme, tal como a cabala. Doze edições vão seguir-se até 1868. A grande diocese - assim lhe chamará o crítico Saint-Beuve - dos deístas, dos positivistas, dos panteístas, dos discípulos da religião natural, dos prosélitos da ciência pura esfrega as mãos e rejubila.
Na outra trincheira, a imprensa ultraclerical perde a cabeça. Renan, o renegado. Antigo seminarista menor de Saint-Nicolas-du-Chardonet, educado depois pelos padres de São Sulpício, há muito que mandou o hábito às malvas. A sua Vida de Jesus é o maior crime de imprensa cometido desde Voltaire, clama o abade Cognat, um antigo condiscípulo. No Monde, jornal dos católicos intransigentes, o futuro bispo Freppel dá o toque de carga contra este espírito soberbo que só usa a sua falsa ciência para desorientar as massas e enganar os simples. Está-se na véspera da guerra de 1870 [contra o Reich alemão], e o alsaciano Freppel pressente uma nova máquina de guerra alemã. Bem visto. Renan nunca escondeu a sua inclinação por Hegel e pela filosofia alemã.
Três palavras que provocam escândalo. A 22 de Fevereiro de 1862, num anfiteatro repleto do Colégio de França, a lição inaugural de Ernest Renan, o autor do crime, vai ser também a última. Na França do Segundo Império, qualificar Jesus de homem incomparável - e nada mais - equivale a renegar a divindade. Dois anos mais tarde, o escritor é afastado da cadeira de Hebraico que, sob influência de uma amiga de infância, Napoleão III lhe tinha oferecido. Entretanto, fora publicada a sua Vida de Jesus. O sucesso é enorme, tal como a cabala. Doze edições vão seguir-se até 1868. A grande diocese - assim lhe chamará o crítico Saint-Beuve - dos deístas, dos positivistas, dos panteístas, dos discípulos da religião natural, dos prosélitos da ciência pura esfrega as mãos e rejubila.
Na outra trincheira, a imprensa ultraclerical perde a cabeça. Renan, o renegado. Antigo seminarista menor de Saint-Nicolas-du-Chardonet, educado depois pelos padres de São Sulpício, há muito que mandou o hábito às malvas. A sua Vida de Jesus é o maior crime de imprensa cometido desde Voltaire, clama o abade Cognat, um antigo condiscípulo. No Monde, jornal dos católicos intransigentes, o futuro bispo Freppel dá o toque de carga contra este espírito soberbo que só usa a sua falsa ciência para desorientar as massas e enganar os simples. Está-se na véspera da guerra de 1870 [contra o Reich alemão], e o alsaciano Freppel pressente uma nova máquina de guerra alemã. Bem visto. Renan nunca escondeu a sua inclinação por Hegel e pela filosofia alemã.
Tincq, Henri in Os Génios do Cristianismo edição gradiva
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