quinta-feira, agosto 2

AVIÃO

envolto num lençol de cal duas cintilações
sob as pálperas húmidas e um ardor perfura
a noite onde uma ponte atravessa um rio


o voo é demorado
ficaste a saber que nem deus é eterno
desfez-se no erro daquilo que criou perdeu-se
nas suas imperfeições e certezas


agora
pela janela do avião vês como tudo é mínimo
lá em baixo – quando a oriente da loucura
a mão cinzenta do inverno perdura no rosto
daqueles que sonolentos viajam dentro
deste pequeno túmulo de serenidade


Berto, Al in O MEDO edição Assírio & Alvim

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