Cavaco Silva advertiu ontem que a reestruturação da dívida é recebida de "forma muito negativa" pelos investidores estrangeiros, que se "assustam" quanto a possíveis investimentos no país.
Respondendo a uma questão sobre como está a acompanhar o debate quanto a uma reestruturação da dívida - uma hipótese defendida no Manifesto dos 70, lançado há cerca de duas semanas -, Cavaco alertou para consequências negativas desta discussão. "Quando me tenho encontrado, ao longo dos tempos, com investidores estrangeiros, quando ouvem falar da palavra 'reestruturação' reagem de forma muito negativa. Ligam essa palavra a perdão de dívida e, portanto, assustam-se em relação a possíveis investimentos no país que utilize essa palavra", afirmou o chefe de Estado, remetendo ainda para a mensagem de Ano Novo de 2013.
Nessa data, Cavaco afirmou que renegociar a dívida "poderia criar uma ilusão momentânea" - mas "no final estaríamos numa situação dramática". "Temos de cumprir as obrigações internacionais que assumimos", disse então, garantindo que "tentar negociar o perdão da dívida do Estado não é uma solução que garanta um futuro melhor."
Questionado sobre o apoio dado por 74 personalidades estrangeiras ao Manifesto dos 70, o Presidente da República escusou-se a qualquer comentário, alegando que isso é "matéria para comentadores". Já quanto à exoneração de Sevinate Pinto e Vítor Martins do cargo de consultores da Presidência - precisamente por terem assinado o manifesto -, Cavaco Silva também não se alongou, considerando que a "gestão da casa civil do Presidente da República compete exclusivamente a ele e ao chefe da casa civil".
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