O debate não chegou a ser explosivo, apesar do cheiro "intenso e tóxico", como o descreveu Assunção Esteves, que invadiu ontem o plenário devido a uma ruptura na caldeira da Assembleia da República, mas o ambiente entre o primeiro-ministro e o líder socialista foi aceso. A gestão da dívida soberana esteve no centro da discussão e o chefe do executivo diabolizou, como sempre, qualquer perdão, reestruturação e até a mutualização defendida pelo PS. Mas não fechou totalmente a porta a uma solução europeia que folgue a dívida soberana, desde que não sirva de argumento para a indisciplina orçamental.
O relatório final de um grupo de peritos europeus sobre o Fundo de Redenção e os eurobonds foi entregue no último dia de Março à Comissão Europeia (ver conclusões ao lado) e o primeiro-ministro aproveitou-o para se posicionar neste debate, numa altura em que está a caminho do parlamento uma petição para a reestruturação da dívida (que nasceu do Manifesto dos 74). O grupo de especialistas europeus "não faz propostas políticas ou recomendações", anotou a Comissão Europeia num comunicado divulgado com o relatório. E, a propósito destas soluções, Durão Barroso atirou para a frente, ao dizer que as europeias são "uma primeira oportunidade para discutir que espécie de União se quer".
Foi neste cenário que Passos, durante o debate quinzenal, acabou por revelar três perspectivas sobre a dívida: 1. a portuguesa é sustentável nos actuais moldes e quem diz o contrário (o PS) é irresponsável; 2. não há mais margem para negociar prazos ou juros da dívida nacional com os parceiros europeus, resta o perdão (que rejeita com veemência); 3. pagar em conjunto pode ser uma solução (o que nunca tinha admitido), se se mantiver a disciplina orçamental.
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