As sínteses sobre a execução orçamental confirmam mensalmente a ideia de que o ajustamento, cujo principal objectivo era ser atingido pela despesa, continua a ser conseguido quase exclusivamente pelos impostos. Quanto à fatia que devia caber à despesa do Estado, aqui as quedas justificam-se com despedimentos e cortes salariais.
A poucos dias da data imaginada por Paulo Portas para o fim do programa, o único sucesso que se vislumbra é o da ilusão do governo: a suserania oficial da troika vai acabar com a dívida, o desemprego e um défice bem acima do previsto aquando da assinatura do empréstimo de 78 mil milhões. A saber: em 2014, a dívida devia estar nos 107,6%, o PIB a crescer 2,5%, o desemprego nos 11,6% e o défice não superaria os 2,3%. Contudo, e assumindo a melhor das previsões, no final deste ano a dívida vai estar perto dos 130%, o PIB vai subir 1,2%, o desemprego persistirá nos 16% e o défice será de 4%.
Apesar da diferença entre os objectivos teóricos e os resultados efectivos do ajustamento, um item não acompanhou o ritmo do desfasamento: o preço a cobrar aos contribuintes portugueses pelo empréstimo solidário. Desde o início de 2012, os contribuintes em Portugal já tiveram de pagar 3 342 milhões de euros em juros aos responsáveis pelo resgate fechado em 2011 entre PS, PSD, CDS, Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu. São qualquer coisa como 124 milhões de euros por mês só em juros para as três instituições - considerando que os pagamentos começaram em Janeiro de 2012. Este ano, e entre Janeiro e Março, foram mais 405 milhões de euros só em juros para a troika, segundo os dados ontem avançados pela Direcção-Geral do Orçamento na síntese de execução orçamental.
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