O despacho do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa que acusa João Rendeiro e dois outros ex-administradores do Banco Privado Português (BPP) de burla qualificada é um mero "exercício de hindsight", isto é, de retrospectiva. Na contestação entregue na 2ª Vara Criminal de Lisboa, onde na próxima quarta-feira começará a ser julgado, o fundador do BPP concentra-se neste argumento: o Ministério Público só terá chegado a determinadas conclusões porque avaliou "comportamentos ocorridos em 2007 e 2008 à luz da informação, conhecimento e experiência que se tem em 2013".
Os procuradores da 9ª secção do DIAP de Lisboa que conduziram a investigação concluíram, em Fevereiro de 2013, que os ex-administradores do banco terão feito uma gestão imprudente do veículo de investimento Privado Financeiras, gestão essa que terá causado prejuízos a uma centena de clientes e investidores na ordem dos 41 milhões de euros.
Para reforçar o capital da sociedade, o banco decidiu angariar investidores junto dos clientes com mais potencial: aqueles com capacidade para investir quantias mais avultadas, como Francisco Pinto Balsemão, terão mesmo sido contactados directamente por João Rendeiro. Acontece que os investidores não saberiam que as acções compradas seriam exclusivamente do BCP nem que a sociedade seria "alavancada": ou seja, além dos capitais próprios, a empresa recorreria a financiamento externo.
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