A visita do Papa Francisco ao Brasil, passada a euforia inicial, poderá, acaso, suscitar alguma reflexão sobre as consequências do acto. Aquele país, o maior, católico, da América Latina, perdeu, nas últimas décadas, mais de 40 por cento dos seus fiéis, em favor de outras confissões e crenças. A perseguição de João Paulo II e de Ratzinger à Teologia da Libertação, que propunha uma Igreja do homem e não, exclusivamente, do divino, do dogma e da obediência, pode ser uma das causas desse cisma. O ser humano tem necessidade de transcendência, e o mundo actual, com o desenvolvimento do capitalismo até capítulos violentíssimos, afastou-o do sagrado e dos laços sociais que o justificam. O Vaticano poucas vezes se refere, criticamente, a este estádio do "sistema", que arrasta consigo um cortejo horroroso de miséria, opressão e terror. E a Igreja portuguesa tem-lhe seguido os passos do silêncio.
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