Não gostei de olhar o cartoon do António ontem no “Expresso” onde figurava Bento XVI com uma cruz na mão que ostentava uma criança. Também não gostei de ver, na edição de 5 de Dezembro de 1992 do mesmo jornal, João Paulo II com um preservativo enfiado no nariz. Não gostei, porque, acima de tudo, esses traços do cartoonista põem a nu questões que a hierarquia da igreja não consegue enfrentar com frontalidade. Não é uma opção acertada.
Faltam poucos dias para a visita do Papa a Portugal. No palco mediático sobressai a grave questão da pedofilia, que envolve membros da igreja. Este fim-de-semana, Bento XVI terá esse tópico como sombra na deslocação que faz a Malta. O Vaticano ainda não conseguiu ensaiar uma resposta à altura da gravidade dos factos. Sabemos obviamente que esses crimes não se estendem a todos os membros da instituição. São a excepção e, como tal, devem ser assumidos com frontalidade e com medidas correctivas severas. O discurso sobre este problema não pode ser piedoso para os pedófilos e omisso para as vítimas. Não pode. Pelo menos, não é neste tipo de opções que me revejo enquanto católica. E é por isso que me sinto revoltada com certos silêncios. Quem ocupa lugares de destaque dentro da igreja tem de perceber que, por vezes, também é preciso promover rupturas internas. Saber dizer basta e dizê-lo convictamente é um grande sinal de justiça. Que urge dar.
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