Mostrando postagens com marcador Poesia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Poesia. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, julho 7

Marinheiros corajosos

Nas profundezas do oceano encantado, Marinheiros corajosos navegavam com ardor. Enfrentando tormentas com bravura e vigor, Em busca de tesouros em cada território mapeado.

Erguiam-se ondas gigantes, como montanhas de água, Desafiando os marinheiros com fúria implacável. Mas seu espírito não se deixava abalar, Pois sabiam que a vitória não era mera miragem.

Entre as águas revoltas, ecoavam os cantos sedutores, Das sereias, criaturas místicas e encantadoras. Com suas vozes doces, atraíam navegantes desavisados, Mas os marinheiros resistiam às suas tentadoras auras.

No mar vasto e imenso, repleto de mistérios, Os marinheiros enfrentavam desafios verdadeiros. Com coragem e determinação, seguiam sua sina, Navegando nos mares, onde o oceano se agiganta e fascina.

quinta-feira, julho 6

És meu mundo bendito

Num jardim de encantos, a flor sorri A boca, doce mel, em verso e prosa Nos olhos, o brilho que me cativa Em teus encantos, alma que repousa.

És íman que atrai meu coração E prende os meus pensamentos sem fim Tua voz, suave canção Que embala os sonhos que guardo em mim.

Tu és a rosa no meu jardim O brilho que ilumina meu caminho Em teus olhos, vislumbro o infinito.

Nas asas da paixão, meu ser se prende E nesta poesia, o amor deslindo Flor, boca, olhos, és meu mundo bendito.

terça-feira, julho 4

Crepúsculo

No crepúsculo doce do Rio Tejo, O sol se esconde e a noite se faz. As aves dançam no céu em cortejo, A natureza em seu esplendor nos traz.

As águas calmas refletem a lua, Um espelho prateado a brilhar. As aves voam em busca da rua, Cantando melodias no ar.

O crepúsculo pinta o horizonte, Com tons dourados e alaranjados. Enquanto o Tejo flui sereno e ponte, As aves seguem seus trinados.

Um espetáculo divino e encantador, O Rio Tejo e suas aves a voar. No crepúsculo, encontro paz e amor, E a natureza a nos abraçar.

domingo, março 31

Soneto Já Antigo


Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás de
dizer aos meus amigos aí de Londres,
embora não o sintas, que tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás de
Londres p'ra Iorque, onde nasceste (dizes...
que eu nada que tu digas acredito),
contar àquele pobre rapazito
que me deu tantas horas tão felizes,
Embora não o saibas, que morri...
mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
nada se importará... Depois vai dar
a notícia a essa estranha Cecily
que acreditava que eu seria grande...
Raios partam a vida e quem lá ande!

sexta-feira, março 29

Quero Acabar


Quero acabar entre rosas, porque as amei na infância.
Os crisântemos de depois, desfolhei-os a frio.
Falem pouco, devagar.
Que eu não oiça, sobretudo com o pensamento.
O que quis? Tenho as mãos vazias,
Crispadas flebilmente sobre a colcha longínqua.
O que pensei? Tenho a boca seca, abstrata.
O que vivi? Era tão bom dormir!

quarta-feira, março 27

Chega Através


Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento,
Vem brandamente com a tarde a oportunidade da perda.
Adormeço sem dormir, ao relento da vida.

É inútil dizer-me que as ações têm conseqüências.
É inútil eu saber que as ações usam conseqüências.
É inútil tudo, é inútil tudo, é inútil tudo.

Através do dia de névoa não chega coisa nenhuma.

Tinha agora vontade
De ir esperar ao comboio da Europa o viajante anunciado,
De ir ao cais ver entrar o navio e ter pena de tudo.

Não vem com a tarde oportunidade nenhuma.

quarta-feira, março 13

Ali Não Havia


Ali não havia eletricidade.
Por isso foi à luz de uma vela mortiça
Que li, inserto na cama,
O que estava à mão para ler —
A Bíblia, em português (coisa curiosa), feita para protestantes.
E reli a "Primeira Epístola aos Coríntios".
Em torno de mim o sossego excessivo de noite de província
Fazia um grande barulho ao contrário,
Dava-me uma tendência do choro para a desolação.
A "Primeira Epístola aos Coríntios" ...
Relia-a à luz de uma vela subitamente antiqüíssima,
E um grande mar de emoção ouvia-se dentro de mim...
Sou nada...
Sou uma ficção...
Que ando eu a querer de mim ou de tudo neste mundo?
"Se eu não tivesse a caridade."
E a soberana luz manda, e do alto dos séculos,
A grande mensagem com que a alma é livre...
"Se eu não tivesse a caridade..."
Meu Deus, e eu que não tenho a caridade! ...

quarta-feira, dezembro 19

Meu País desgraçado

Meu País Desgraçado
Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas ...

Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.

E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!

Povo anêmico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam! 

quinta-feira, agosto 23

Metafísica




De cada vez que nos teus braços
Por uns momentos morro,
Nos abismos de mim o meu amor pede socorro
Como se à força alguém lhe desatasse os laços.

De cada vez apreendo
Que fica em muito pouco, ou nada, aquele tanto
Que o querer ter promete, enquanto
Se não tendo.

Desejar é que é ter! mas não nos basta.
Sonhar é que é possuir sem tédio nem cansaços.
Sei-o, mas só já morto nos teus braços.
Sofre a carne de ter, ou de ser casta.

Sobre o desejo farto, a alma se debruça,
Contempla o nada a que o fartá-lo aponta.
E atrás do mesmo nada eis que ela mesma, tonta,
Vai, se a carne reacende a escaramuça.

Entrar num corpo até onde se oculte
O para Lá do corpo - eis o supremo sonho.
De que desejos o componho,
Se ei-lo se descompõe quando o desejo avulte?

Sôfrega, a carne pede carne. Saciada,
Pede, ela própria, o que jamais sacia.
Para de novo se inflamar, é um dia.
Para de novo desgostar, um nada.

Ai, como não te amar e não te aborrecer,
Carne de leite e rosas, - terra inglória
Do longo prélio-entendimento sem vitória
Que é carne e alma, ter-não ter?

José Régio, Filho do Homem

terça-feira, junho 5

A Lucidez Perigosa

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade
- essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.


Clarice Lispector

quinta-feira, abril 26

MORNA


Vermelho grito feminino
sanguíneo e doce
dessa mulher que para amar nasceu
e não apenas ser amada



Na contracapa
o olhar profundo
e infinito
prenunciando frémitos
marítimos



A terra inóspita
engravidada de poemas,
como sóis ou mariposas…



Um tambor salgado
e rebelde
como África
vive encantado nas formas agrestes
do teu corpo
que não conheço



puítas e violinos
flautas murmurantes,
ásperos e belos saxofones,
erguendo-se, como um halo de luz,
sobre os dilacerados quadris da memória reconstruída.



Na tristeza da tua voz,
na alegria da  tua voz



- a elementar coragem de cantar
sozinho no meio da escuridão



João Melo

quinta-feira, julho 8

A Torpe Sociedade onde Nasci

A Torpe Sociedade onde Nasci

I

Ao ver um garotito esfarrapado
Brincando numa rua da cidade,
Senti a nostalgia do passado,
Pensando que já fui daquela idade.

II

Que feliz eu era então e que alegria...
Que loucura a brincar, santo delírio!...
Embora fosse mártir, não sabia
Que o mundo me criava p'ra o martírio!

III

Já quando um homenzinho, é que senti
O dilema terrível que me impôs
A torpe sociedade onde nasci:
— De ser vítima humilde ou ser algoz...

IV

E agora é o acaso quem me guia.
Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,
Sou tudo: mas não sou o que seria
Se o mundo fosse bom — como não é!

V

Tuberculoso!... Mas que triste sorte!
Podia suicidar-me, mas não quero
Que o mundo diga que me desespero
E que me mato por ter medo à morte...

António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."

terça-feira, junho 23

ESCOLA

Escola é...
O lugar onde se faz amigos
Não se trata só de prédios, salas, quadros
Programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
Gente que trabalha, que estuda,
Que se alegra, se conhece, se estima.
O director é gente,
O Coordenador é gente, o professor é gente,
O aluno é gente, Cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
Na medida em que cada um
Se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de "ilha cercada por todos os lados",
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
Que não tem amizade a ninguém,
Nada de ser como o tijolo que forma a parede,
Indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,
É criar ambiente de camaradagem, é conviver!
Numa boa escola há tempo para estudar, trabalhar, crescer...
Fazer amigos, educar-se e acima de tudo...
... Ser feliz.


Paulo Freire

segunda-feira, junho 15

LÍNGUA

Fendendo em mim
a tua língua abre


Separa da vulva
os lábios mais sedentos


Degustando a saliva
e lá dentro
tacteando do corpo
o que do corpo sendo


é da boca já
e eu não entendo

quarta-feira, junho 3

PÉROLAS

As pérolas de esperma
salpicando a barriga


Ambivalentemente
intactas


Ambiguamente
tácteis

sábado, abril 11

Os Livros

Não conhecemos estes lugares
Ou compulsivamente
Os revemos. Paisagens
inusitadas, absurdas,
mesmo se alguma vez as frequentámos
com os nossos olhos e bagagens.
São estranhos estes homens
que nos fazem rir e chorar,
sentir raiva, ser
solidários. São-nos íntimos,
porém. Estes
sonhos, a quem
pertencem? Sentimentos obscuros,
que angústias (des)
velam? Trágicas
desilusões,
que mundos encerram?



Os livros, quietos
e buliçosos: o nosso
alter ego.



João Melo

terça-feira, abril 7

CEREJA

A cereja da tua
boca


Caroço ou pérola
desta carência


solta


Horta, Maria Teresa

domingo, abril 5

Segredo


para a Inês



Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tú,

promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de Fevereiro? O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome – essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.

Amaral, Fernando Pinto



sexta-feira, abril 3

Palavras

Sentas-te ainda à mesa – escreves
palavras tão compactas, tão opacas
como a luz que te cega. Cada dia
promete o infinito em meia dúzia
de palavras – o amor,
a vida, o tempo, a morte, a esperança,
o coração. Repete-as,
repete-as muitas vezes em voz alta
e escuta a sua música
até não quererem dizer nada.



Fernando Pinto do Amaral

sábado, março 21

Eu que sou feio

Eu, que sou feio...


Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.


Sentado à mesa dum café devasso.
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura.
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.


E, quando socorreste um miserável,
Eu que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.


«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.


Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez não o suspeites!-
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.


Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça.
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.


Adorável! Tu muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.


Cesário Verde