quinta-feira, abril 26

MORNA


Vermelho grito feminino
sanguíneo e doce
dessa mulher que para amar nasceu
e não apenas ser amada



Na contracapa
o olhar profundo
e infinito
prenunciando frémitos
marítimos



A terra inóspita
engravidada de poemas,
como sóis ou mariposas…



Um tambor salgado
e rebelde
como África
vive encantado nas formas agrestes
do teu corpo
que não conheço



puítas e violinos
flautas murmurantes,
ásperos e belos saxofones,
erguendo-se, como um halo de luz,
sobre os dilacerados quadris da memória reconstruída.



Na tristeza da tua voz,
na alegria da  tua voz



- a elementar coragem de cantar
sozinho no meio da escuridão



João Melo

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