sábado, dezembro 31
quinta-feira, dezembro 29
Soneto
Poveiros! meus velhos Pescadores!
Na água quisera com Vocês morar:
Trazer o grande gorro de três cores,
Mestre da lancha Deixem-nos passar!
Far-me-ia outro, que os vossos interiores,
De há tantos tempos, devem já estar
Calafetados pelo breu das Dores,
Como esses pongos em que andais no Mar!
Ó meu Pai, não ser eu dos poveirinhos!
Não seres tu, para eu o ser, poveiro,
Mailo irmão do «Senhor de Matosinhos!»
No alto mar, às trovoadas, entre gritos,
Prometemos, si o barco fôri intieiro,
Nossa bela à Sinhora dos Aflitos!
António Nobre in “Só”
quarta-feira, dezembro 28
RAIZ
Canto a raiz do espaço na raiz
do tempo. E os passos por andar nos passos
caminhados. Começa o canto onde começo
caminho onde caminhas passo a passo.
E braço a braço meço o espaço dos teus braços:
oitenta e nove mil quilómetros quadrados.
E um país por achar neste país.
Manuel Alegre, in “O Canto e as Armas”
do tempo. E os passos por andar nos passos
caminhados. Começa o canto onde começo
caminho onde caminhas passo a passo.
E braço a braço meço o espaço dos teus braços:
oitenta e nove mil quilómetros quadrados.
E um país por achar neste país.
Manuel Alegre, in “O Canto e as Armas”
quarta-feira, dezembro 21
MÁRIO SOARES VS CAVACO SILVA
Usando uma linguagem futebolística, o debate entre Mário Soares e Cavaco Silva, lembrou-me um daqueles encontros de futebol realizado entre a equipa que se encontra no 1.º lugar da classificação, contra uma equipa do meio da tabela, que tem de forçosamente ganhar o encontro para se tornar campeã. Começa quase sempre ao ataque, remetendo o seu adversário a uma defesa cerrada. Tal como a política, o futebol não é uma ciência exacta, acabando por vezes (muitas vezes) de ganhar a equipa considerada mais fraca.
No debate de ontem o candidato Mário Soares, atendendo ao resultado das últimas sondagens, que lhe davam o terceiro lugar, entendeu que a melhor estratégia era atacar o seu oponente logo de início. Político experiente, tentou desestabilizar Cavaco Silva, afirmando que Cavaco não tem uma formação democrática, que era um razoável economista, mas não era nenhum prémio Nobel, que era um político intermitente, que se apresentava como um “salvador da pátria”, criando expectativas aos portugueses, que não poderia cumprir, dado a eleição ser para Presidente da República e, não para 1º Ministro.
Cavaco Silva como já vem sendo hábito, tentou desviar-se das críticas que lhe eram feitas, centrando o debate nas suas qualidades. Várias vezes afirmou “eu” se for eleito Presidente da República, procurarei resolver a crise económica, procurarei resolver o problema da agricultura portuguesa, procurarei melhorar o sistema de ensino, minorar o abandono escolar, quando confrontado para dizer concretamente o que faria, não responde, ou apela aos portugueses, para a leitura dos seus pensamentos, que se encontram explanados, nos vários livros que já publicou. Cavaco surpreendeu-me quando foi insinuado (de forma deselegante) pelo seu oponente, que os seus amigos da Europa falavam mal dele, sem concretizar. Cavaco afirmou que se tinha que conter. Não caiu na rasteira de Mário Soares. Demonstrou que estava preparado para o jogo.
Tenho dúvidas que o debate tenha servido para ajudar os indecisos.
Tenho dúvidas que os portugueses (a maioria) alguma vez tenham lido os livros do professor Aníbal Cavaco Silva, para serem conhecedores do seu pensamento abrangente, sobre economia, finanças, ensino, agricultura, globalização.
Tenho dúvidas, que Mário Soares tenha conseguido ganhar votos ao centro/direita; o facto de já ter sido presidente durante dois mandatos, o facto de o Partido Socialista não ter querido, com as forças à sua esquerda, “arranjar”, um candidato agregador da denominada esquerda, não o venha prejudicar.
Quanto ao debate propriamente dito, considero que se tratou de um empate.
No debate de ontem o candidato Mário Soares, atendendo ao resultado das últimas sondagens, que lhe davam o terceiro lugar, entendeu que a melhor estratégia era atacar o seu oponente logo de início. Político experiente, tentou desestabilizar Cavaco Silva, afirmando que Cavaco não tem uma formação democrática, que era um razoável economista, mas não era nenhum prémio Nobel, que era um político intermitente, que se apresentava como um “salvador da pátria”, criando expectativas aos portugueses, que não poderia cumprir, dado a eleição ser para Presidente da República e, não para 1º Ministro.
Cavaco Silva como já vem sendo hábito, tentou desviar-se das críticas que lhe eram feitas, centrando o debate nas suas qualidades. Várias vezes afirmou “eu” se for eleito Presidente da República, procurarei resolver a crise económica, procurarei resolver o problema da agricultura portuguesa, procurarei melhorar o sistema de ensino, minorar o abandono escolar, quando confrontado para dizer concretamente o que faria, não responde, ou apela aos portugueses, para a leitura dos seus pensamentos, que se encontram explanados, nos vários livros que já publicou. Cavaco surpreendeu-me quando foi insinuado (de forma deselegante) pelo seu oponente, que os seus amigos da Europa falavam mal dele, sem concretizar. Cavaco afirmou que se tinha que conter. Não caiu na rasteira de Mário Soares. Demonstrou que estava preparado para o jogo.
Tenho dúvidas que o debate tenha servido para ajudar os indecisos.
Tenho dúvidas que os portugueses (a maioria) alguma vez tenham lido os livros do professor Aníbal Cavaco Silva, para serem conhecedores do seu pensamento abrangente, sobre economia, finanças, ensino, agricultura, globalização.
Tenho dúvidas, que Mário Soares tenha conseguido ganhar votos ao centro/direita; o facto de já ter sido presidente durante dois mandatos, o facto de o Partido Socialista não ter querido, com as forças à sua esquerda, “arranjar”, um candidato agregador da denominada esquerda, não o venha prejudicar.
Quanto ao debate propriamente dito, considero que se tratou de um empate.
segunda-feira, dezembro 19
ABAIXO EL-REI SEBASTIÃO
É preciso enterrar el-rei Sebastião
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.
Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair o porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.
Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na nossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.
Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos baste
é preciso enterrar el-rei Sebastião.
Manuel Alegre “O Canto e as Armas”
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.
Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair o porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.
Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na nossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.
Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos baste
é preciso enterrar el-rei Sebastião.
Manuel Alegre “O Canto e as Armas”
domingo, dezembro 18
SALA DE ESTAR
Expectativas... uma forma de desilusão premeditada, de sentimentos contrários, dualidades não desejadas.
O facto é que criamos expectativas porque desejamos sempre mais, desejamos ser compreendidos, desejamos, por vezes, que nos conheçam para além do trivial...,
O homem deseja. Deseja se superar, deseja o “cosmos”, a perfeição-individual.
... o desejo...
... Os sonhos...
... os meus semeiam no vento...
... desejo que voem, que criem asas...
.... que sejam férteis...
14 de Maio 2003
22 h 20 m
Nês
O facto é que criamos expectativas porque desejamos sempre mais, desejamos ser compreendidos, desejamos, por vezes, que nos conheçam para além do trivial...,
O homem deseja. Deseja se superar, deseja o “cosmos”, a perfeição-individual.
... o desejo...
... Os sonhos...
... os meus semeiam no vento...
... desejo que voem, que criem asas...
.... que sejam férteis...
14 de Maio 2003
22 h 20 m
Nês
sábado, dezembro 17
9h.45m – Largo da Faculdade
... encontro-me sentada num banco vazio, num banco velho com quem troco pensamentos, palavras...! Conversamos sobre o livro que seguro nas minhas mãos, sobre as-sábias-palavras que Fernando Pessoa escreveu em 1922 nesta mesma cidade onde me encontro e me perco.
É neste espaço, nesta cidade, mais precisamente neste banco, situado neste largo onde passam os artistas, que denoto a presença de um homem. O barulho de fundo desaparece de repente. O meu olhar converge para esse mesmo homem, alto e de ar sereno, que traz consigo uma borboleta. Aproxima-se de uma pequena árvore, que se situa à minha direita e, cautelosamente, coloca-a na mesma. Contempla-a agora neste espaço e desaparece (um gesto bonito, mágico para esta hora da manhã).
Neste largo encontro-me, novamente, sozinha. O barulho em redor invade-me novamente; oiço homens a insultarem-se.
Ignoro. Abstraio-me do que me rodeia e concentro-me na borboleta. Concentro-me no seu percurso, na sua perfeição.
Agradeço, agora e aqui neste espaço de papel, ao desconhecido que me proporcionou vislumbrar não só a borboleta mas também a sua perfeição.
P. S. : ... ainda estou a olhar para a borboleta !...
Nês (8 Maio de 2003)
É neste espaço, nesta cidade, mais precisamente neste banco, situado neste largo onde passam os artistas, que denoto a presença de um homem. O barulho de fundo desaparece de repente. O meu olhar converge para esse mesmo homem, alto e de ar sereno, que traz consigo uma borboleta. Aproxima-se de uma pequena árvore, que se situa à minha direita e, cautelosamente, coloca-a na mesma. Contempla-a agora neste espaço e desaparece (um gesto bonito, mágico para esta hora da manhã).
Neste largo encontro-me, novamente, sozinha. O barulho em redor invade-me novamente; oiço homens a insultarem-se.
Ignoro. Abstraio-me do que me rodeia e concentro-me na borboleta. Concentro-me no seu percurso, na sua perfeição.
Agradeço, agora e aqui neste espaço de papel, ao desconhecido que me proporcionou vislumbrar não só a borboleta mas também a sua perfeição.
P. S. : ... ainda estou a olhar para a borboleta !...
Nês (8 Maio de 2003)
quinta-feira, dezembro 15
quarta-feira, dezembro 14
Amiga é um termo dúbio
...
Ontem as águas estavam serenas
Mantinham a distância certa
Éramos cúmplices apenas
Sem ter o coração alerta
Amiga era um sentimento
Sem fazer calor nem frio
Tudo entre nós era simples
Como as coisas em pousio
Foi qualquer gesto que fizeste
Qualquer coisa que disseste
Que mudou a situação
Amo-te sem dares por nada
Eu próprio não dou por isso
Cada olhar cada risada
É um terreno movediço
Dou passos de sapador
Tão assustado e confuso
Nesse campo minado do amor
Sou o mais vulgar intruso
Foi qualquer gesto que fizeste
Qualquer coisa que disseste
Que mudou a situação
Amiga é um termo dúbio
Desses que a língua contém
Vê-se a linha de fronteira
Dá-se um passo e está-se em terra de ninguém
By Carlos Tê / Rui Veloso
JERÓNIMO VS CAVACO
Começa a ser complicado comentar estes debates à Presidência da República. Julgo que o facto se deve ao modelo acordado. Tenho a sensação (para não dizer a certeza) de que este tipo de debates foi imposto por uma das candidaturas. De todos os candidatos perfilados à Presidência da República há um que em minha opinião não gosta de debates colectivos e, esse é Cavaco Silva. Verdade se diga que apesar destes debates serem monótonos, quase repetitivos, é preferível ter estes, do que nenhuns.
Posto isto, vamos propriamente ao debate.
Continuo a considerar que o professor Cavaco ainda continua a apresentar-se um pouco tenso, mas com o decorrer do mesmo, já soltou alguns sorrisos e, pareceu-me vê-lo, a olhar para o seu oponente. Jerónimo apareceu com uma imagem mais simpática, mas isso tem a ver com a sua personalidade, nada mais. Os moderadores continuam a repetir questões já formuladas em debates anteriores. Os telespectadores mais atentos e interessados, já adivinham as respostas dos candidatos.
No que concerne à concertação social, Cavaco autodenomina-se o pai da mesma. Jerónimo fez bem lembrar que, foi no interior desta que se facilitou os despedimentos, se “inventou o recibo verde”, ou que se “aumentou a idade de reforma das mulheres”, tendo o professor Cavaco tido sempre um aliado privilegiado – a UGT (lembra-se de Torres Couto terminando a celebração dos acordos com um cálice de vinho de porto?).
Houve uma surpresa neste debate. A concordância em três pontos: a abertura a uma futura opção nuclear para obtenção de energia não poluente, respeitando o Protocolo de Quioto; a rejeição da legalização da prostituição; e nas privatizações, Cavaco “aconselhava que se avançasse mais calmamente”, Jerónimo “... que se avançasse mais devagar”.
Para aqueles indecisos que esperavam esclarecimentos de forma a possibilitar uma escolha, ficaram na mesma, não houve grandes novidades. Mais um debate que em minha opinião, foi mais “empata” do que propriamente um empate.
Não desesperem. Aguardem pelos debates explosivos – Alegre/Mário Soares e Cavaco/Mário Soares.
Até lá fiem-se na virgem...
Posto isto, vamos propriamente ao debate.
Continuo a considerar que o professor Cavaco ainda continua a apresentar-se um pouco tenso, mas com o decorrer do mesmo, já soltou alguns sorrisos e, pareceu-me vê-lo, a olhar para o seu oponente. Jerónimo apareceu com uma imagem mais simpática, mas isso tem a ver com a sua personalidade, nada mais. Os moderadores continuam a repetir questões já formuladas em debates anteriores. Os telespectadores mais atentos e interessados, já adivinham as respostas dos candidatos.
No que concerne à concertação social, Cavaco autodenomina-se o pai da mesma. Jerónimo fez bem lembrar que, foi no interior desta que se facilitou os despedimentos, se “inventou o recibo verde”, ou que se “aumentou a idade de reforma das mulheres”, tendo o professor Cavaco tido sempre um aliado privilegiado – a UGT (lembra-se de Torres Couto terminando a celebração dos acordos com um cálice de vinho de porto?).
Houve uma surpresa neste debate. A concordância em três pontos: a abertura a uma futura opção nuclear para obtenção de energia não poluente, respeitando o Protocolo de Quioto; a rejeição da legalização da prostituição; e nas privatizações, Cavaco “aconselhava que se avançasse mais calmamente”, Jerónimo “... que se avançasse mais devagar”.
Para aqueles indecisos que esperavam esclarecimentos de forma a possibilitar uma escolha, ficaram na mesma, não houve grandes novidades. Mais um debate que em minha opinião, foi mais “empata” do que propriamente um empate.
Não desesperem. Aguardem pelos debates explosivos – Alegre/Mário Soares e Cavaco/Mário Soares.
Até lá fiem-se na virgem...
segunda-feira, dezembro 12
mapa
...
abres o mapa da europa e
assinalas o lugar perdido junto ao mar - o sol
fulmina a narceja e o leite sábio das mães
coelhou num sabor a plâncton e húmus
na floreira da janela virada ao mar
secaram os goivos dos navegantes e um cardo amarelo
irrompeu hirsuto e firme - o tempo chuvoso
alastra pelas ruelas insinuando-se na alma
uma babugem grossa de maresia - a europa afasta-se
com os seus falhanços ao som dos tambores de água
recordas assim a noite varada à porta dos grandes frios
o corpo carbonizado que perdeu a nacionalidade
as cidades sem nome o acidente a auto-estrada
o recado deixado no café a cerveja entornada
o alarme da noite a fuga
a terra dos gelos eternos a viagem sem fim a faca
rente ao pescoço e os comboios e a ponte ligando
a treva à treva
um país a outro país - onde dissemos coisas que matam
e largam rastros de aço nas pálpebras
mas
no cansaço da torna-viagem no desalento de tudo
o mapa da europa ficou aberto no sítio
onde desapareceste
ouço o atlântico e uivando de abandono
enquanto os dedos se cansam a pouco e pouco
na lenta escrita de um diário - depois
fecho o mapa e vou
pela crueldade desta década sem paixão
Al Berto
domingo, dezembro 11
CAVACO VS LOUÇÃ
Do debate ocorrido entre Cavaco Silva e Francisco Louçã, houve algumas peripécias dignas de comentário:
- Cavaco Silva pareceu-me novamente tenso, certamente estaria à espera de algum ataque menos civilizado (tipo terceiro mundo) por parte de Louçã, tinha consciência de que este candidato estava ao seu nível para discutir os problemas de economia e finanças. Nunca olhou para o seu adversário. É estranho um candidato recear olhar para os seus oponentes. Se for eleito, será o Presidente de todos os portugueses. Tem consciência de que não será eleito com os votos de todos; não terá a coragem de olhar para todos os portugueses, olhos nos olhos?
Cavaco Silva cometeu algumas gafes importantes:
- Desconhecia a existência de um (vários) estudos sobre a sustentabilidade do regime da segurança social;
- Demonstrou algum receio que daqui a alguns anos houvesse mais emigrantes do que população portuguesa, fez-me lembrar o seu apoiante madeirense Alberto João, com a infeliz história dos chineses na Madeira;
- Refugiou-se, para não responder às perguntas que considerava incómodas afirmando, que um candidato credível à Presidência da República, não o pode fazer na base da especulação. Os portugueses ficaram sem saber o que pensa sobre o casamento entre homossexuais, qual a opinião sobre o mandato do senhor Procurador-geral da República;
- Afirmou que a Constituição da República não permite os despedimentos. Os banqueiros e grandes empresários que o apoiam, ao ouvirem esta afirmação do senhor professor, devem ter achado imensa piada. Foi certamente uma piada de mão gosto, já que não acredito que desconheça o actual “ pacote laboral”.
Francisco Louçã, que nada tinha a perder, estava mais confiante, começou ao ataque, criticando a má governação do antigo primeiro-ministro português, obrigando-o a afirmar que já tinha sido julgado (e punido, digo eu), em eleições anteriores.
Respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas, tendo sido algumas vezes “obstaculizado” por Miguel Sousa Tavares, mas nunca perdeu o raciocínio e, respondeu sempre ao que entedia dever responder.
Falou para o seu oponente, olhando-o nos olhos.
Em minha opinião, ganhou o debate.
- Cavaco Silva pareceu-me novamente tenso, certamente estaria à espera de algum ataque menos civilizado (tipo terceiro mundo) por parte de Louçã, tinha consciência de que este candidato estava ao seu nível para discutir os problemas de economia e finanças. Nunca olhou para o seu adversário. É estranho um candidato recear olhar para os seus oponentes. Se for eleito, será o Presidente de todos os portugueses. Tem consciência de que não será eleito com os votos de todos; não terá a coragem de olhar para todos os portugueses, olhos nos olhos?
Cavaco Silva cometeu algumas gafes importantes:
- Desconhecia a existência de um (vários) estudos sobre a sustentabilidade do regime da segurança social;
- Demonstrou algum receio que daqui a alguns anos houvesse mais emigrantes do que população portuguesa, fez-me lembrar o seu apoiante madeirense Alberto João, com a infeliz história dos chineses na Madeira;
- Refugiou-se, para não responder às perguntas que considerava incómodas afirmando, que um candidato credível à Presidência da República, não o pode fazer na base da especulação. Os portugueses ficaram sem saber o que pensa sobre o casamento entre homossexuais, qual a opinião sobre o mandato do senhor Procurador-geral da República;
- Afirmou que a Constituição da República não permite os despedimentos. Os banqueiros e grandes empresários que o apoiam, ao ouvirem esta afirmação do senhor professor, devem ter achado imensa piada. Foi certamente uma piada de mão gosto, já que não acredito que desconheça o actual “ pacote laboral”.
Francisco Louçã, que nada tinha a perder, estava mais confiante, começou ao ataque, criticando a má governação do antigo primeiro-ministro português, obrigando-o a afirmar que já tinha sido julgado (e punido, digo eu), em eleições anteriores.
Respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas, tendo sido algumas vezes “obstaculizado” por Miguel Sousa Tavares, mas nunca perdeu o raciocínio e, respondeu sempre ao que entedia dever responder.
Falou para o seu oponente, olhando-o nos olhos.
Em minha opinião, ganhou o debate.
sexta-feira, dezembro 9
Estóicos velhos do meu País
Tu és feliz, vives na alta,
e eu de rastos como a cobra,
Porquê? Porque tens de sobra
o pão que a tantos faz falta.
António Aleixo
Em Portugal, cerca de 21% da população (segundo dados do INE) vive no limiar da pobreza.
Em Portugal, segundo dados de 2004 do ISS (Instituto da Segurança Social), existiam 2.647.110 pensionistas, sendo 2.171.172 do Regime Geral, 277.120 de Invalidez, 1.351.665 de Velhice e 542.387 de Sobrevivência.
Se considerar-mos que estes pensionistas não se encontram no limiar da pobreza, já que têm algum rendimento (por muito miserável que seja), dado o valor das suas pensões serem bastante baixas, podemos com facilidade concluir, que uma grande fatia da população, principalmente a mais idosa, aquela mais atreita a doenças – muitas delas crónicas, vive (não sei como se poderá chamar a isto viver), já que por vezes (quase sempre) nem dinheiros têm para adquirirem a medicação necessária ao tratamento das suas doenças. Muitos deles têm de tomar a difícil decisão de não adquirirem aqueles medicamentos, considerados por si, de menos importantes, com os riscos dai resultantes, para poderem ficar com algum dinheiro para a aquisição de pão, leite, e alguns legumes para a sopa, não tendo o privilégio de saborearem, um bom naco de carne ou peixe.
Muitos destes idosos não percebem, como é que não havendo dinheiro para aumentar as suas pensões para valores aceitáveis (dignos), o governo anuncia com grande pompa e circunstância, gastar rios de milhões de euros, em empreendimentos como o novo aeroporto da Ota, no TGV, em subsídios de renda de casa para ministros, cuja residência pessoal, se localiza fora de Lisboa, em aquisições de carros de luxo, em deslocação de avião para assistir a um jogo particular da selecção nacional de futebol.
Estes idosos que são pobres, mas não acéfalos, ficam muito tristes por verificarem que os seus governantes, só se lembram deles, nas proximidades de actos eleitorais.
Tenho pena que os nossos idosos, não tenham ainda castigado aqueles charlatães, que de quando em vez, lhes acenam com algumas migalhas, faltando de seguida ao prometido.
E o seu voto, bem canalizado, poderia mudar muita coisa...
e eu de rastos como a cobra,
Porquê? Porque tens de sobra
o pão que a tantos faz falta.
António Aleixo
Em Portugal, cerca de 21% da população (segundo dados do INE) vive no limiar da pobreza.
Em Portugal, segundo dados de 2004 do ISS (Instituto da Segurança Social), existiam 2.647.110 pensionistas, sendo 2.171.172 do Regime Geral, 277.120 de Invalidez, 1.351.665 de Velhice e 542.387 de Sobrevivência.
Se considerar-mos que estes pensionistas não se encontram no limiar da pobreza, já que têm algum rendimento (por muito miserável que seja), dado o valor das suas pensões serem bastante baixas, podemos com facilidade concluir, que uma grande fatia da população, principalmente a mais idosa, aquela mais atreita a doenças – muitas delas crónicas, vive (não sei como se poderá chamar a isto viver), já que por vezes (quase sempre) nem dinheiros têm para adquirirem a medicação necessária ao tratamento das suas doenças. Muitos deles têm de tomar a difícil decisão de não adquirirem aqueles medicamentos, considerados por si, de menos importantes, com os riscos dai resultantes, para poderem ficar com algum dinheiro para a aquisição de pão, leite, e alguns legumes para a sopa, não tendo o privilégio de saborearem, um bom naco de carne ou peixe.
Muitos destes idosos não percebem, como é que não havendo dinheiro para aumentar as suas pensões para valores aceitáveis (dignos), o governo anuncia com grande pompa e circunstância, gastar rios de milhões de euros, em empreendimentos como o novo aeroporto da Ota, no TGV, em subsídios de renda de casa para ministros, cuja residência pessoal, se localiza fora de Lisboa, em aquisições de carros de luxo, em deslocação de avião para assistir a um jogo particular da selecção nacional de futebol.
Estes idosos que são pobres, mas não acéfalos, ficam muito tristes por verificarem que os seus governantes, só se lembram deles, nas proximidades de actos eleitorais.
Tenho pena que os nossos idosos, não tenham ainda castigado aqueles charlatães, que de quando em vez, lhes acenam com algumas migalhas, faltando de seguida ao prometido.
E o seu voto, bem canalizado, poderia mudar muita coisa...
quinta-feira, dezembro 8
PARA A INÊS (E AMIGOS) EM HERVANTA – FINLÂNDIA
QUANDO UM HOMEM QUISER
Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis de vento
tu que tens o Natal da solidão do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão.
E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão.
Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser.
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser.
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer.
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher.
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão.
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão.
As palavras das cantigas “José Carlos Ary dos Santos”
O TRABALHO
Das prensas, dos martelos, das bigornas
Das foices, dos arados, das charruas
Das alfaias, dos cascos e das dornas
É que nasce a canção que anda nas ruas
Um povo não é livre em águas mornas
Não se abre a liberdade com gazuas
À força do teu braço é que transformas
As fábricas e as terras que são tuas
Abre os olhos e vê, sê vigilante
A reacção não passará adiante
Do teu punho cerrado contra o medo
Levanta-te meu povo, não é tarde
Agora é que o mar canta é que o sol arde
Pois quando o povo acorda é sempre cedo.
As palavras das cantigas “José Carlos Ary dos Santos”
Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis de vento
tu que tens o Natal da solidão do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão.
E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão.
Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser.
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser.
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer.
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher.
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão.
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão.
As palavras das cantigas “José Carlos Ary dos Santos”
O TRABALHO
Das prensas, dos martelos, das bigornas
Das foices, dos arados, das charruas
Das alfaias, dos cascos e das dornas
É que nasce a canção que anda nas ruas
Um povo não é livre em águas mornas
Não se abre a liberdade com gazuas
À força do teu braço é que transformas
As fábricas e as terras que são tuas
Abre os olhos e vê, sê vigilante
A reacção não passará adiante
Do teu punho cerrado contra o medo
Levanta-te meu povo, não é tarde
Agora é que o mar canta é que o sol arde
Pois quando o povo acorda é sempre cedo.
As palavras das cantigas “José Carlos Ary dos Santos”
terça-feira, dezembro 6
ALEGRE VS CAVACO
Eis chegado o primeiro debate das presidenciais. Tenho dificuldade em apresentar um vencedor. Esperava da parte do candidato Manuel Alegre uma maior acutilância, quiçá alguma dose de provocação saudável, para tentar desestabilizar Cavaco Silva, já que este me pareceu algo tenso, demonstrando-o na sua expressão facial. É um candidato que reage mal às provocações, poderia com essa atitude enervá-lo; proferiram ambos um confronto civilizado, algo “entediante”.
Houve uma frase de Cavaco Silva (sobre as forças de bloqueio) que não posso deixar passar em claro, já que me causou algum espanto – “ Eu próprio escrevi que talvez tenha sido um erro essa expressão [forças de bloqueio]. Eu quero é ser uma força de desbloqueio.” Desculpe senhor professor, mas terá que retirar o “talvez” para a maioria dos portugueses poder acreditar em si.
Divergiram nalguns pontos – OTA, Iraque e aborto. Muito pouco, para quem quer ganhar as eleições logo à primeira volta e, para quem tem como objectivo passar à segunda volta.
Esperemos que os próximos debates não sejam tão secantes.
Se assim acontecer ganham os eleitores que ainda possam estar com dúvidas, na atribuição do seu voto.
Ganha a democracia...
Ganha a República...
Ganha a Pátria...
A BRINCAR TAMBÉM SE APRENDE
CULTURA GERAL
CALCANHAR DE AQUILES
De acordo com a mitologia grega, Tétis, mãe de Aquiles, a fim de tornar o seu filho invencível, mergulhou-o num lago mágico, segurando-o pelo calcanhar. Na Guerra de Tróia, Aquiles foi atingido na única parte do seu corpo que não tinha proteção: o calcanhar. Portanto, o ponto fraco de uma pessoa é conhecido como " calcanhar de Aquiles".
VOTO DE MINERVA
Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado pelo assassinato da mãe. No julgamento, houve empate entre os acusados. Coube à deusa Minerva ovoto decisivo, que foi em favor do réu. Voto de Minerva é, portanto, o " voto decisivo".
CASA DA MÃE JOANA
Na época do Brasil Imperial, mais especificamente durante a menoridade de Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam encontrar-se num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como esses homens mandavam e desmandavam no país, a frase "casa da mãe Joana" ficou conhecida como sinónimo de lugar em que ninguém manda.
VÁ QUEIXAR-SE AO BISPO!
Na época do Brasil colonial, a fertilidade de uma mulher era requisito fundamental para o casamento, afinal, a ordem era povoar as novas terras conquistadas. A Igreja permitia que, antes do casamento, os noivos mantivessem relações sexuais, única maneira do rapaz descobrir se a moça era fértil. E adivinha o que acontecia na maioria das vezes? O noivo fugia depois da relação para não ter que se casar. A jovem, desolada, ia queixar-se ao bispo, que mandava homens para capturar o tal espertinho.
CONTO DO VIGÁRIO·
Duas igrejas receberam uma imagem duma santa como presente. Para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários contariam com a ajuda de Deus, ou melhor, de um burro. Assim, colocaram o burro entre as duas paróquias e o animal teria que caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E foi isso que aconteceu, só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burro. Desse modo, "conto do vigário" passou a ser sinónimo de falcatrua e malandragem.
FICAR A VER NAVIOS
Dom Sebastião, rei de Portugal, havia desaparecido na batalha de Alcácer-Quibir, mas o seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo português recusava-se a acreditar na morte do monarca. Era comuns as· pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltava, o povo ficava "a ver navios".
NÃO ENTENDO PATAVINA
Os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova, sendo assim, "não entender patavina" significa não entender coisa alguma.
DOURAR A PÍLULA
Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar os aspectos do remédio amargo. A expressão "dourar a pílula" significa melhorar a aparência de algo.
CHEGAR DE MÃOS A ABANAR
Há muito tempo, no Brasil, era comum exigir que os imigrantes que chegassem para trabalhar nas terras trouxessem as suas próprias ferramentas. Caso viessem de mãos vazias, era sinal de que não estavam dispostos ao trabalho. Portanto, "chegar de mãos a abanar" é não carregar coisa alguma.
SEM EIRA NEM BEIRA
Antigamente os telhados possuíam eira e beira, detalhes que conferiam 'status' ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter eira nem beira significa que a pessoa é pobre, não tem com que se governar.
ABRAÇO DE TAMANDUÁ
Para capturar a sua presa, o tamanduá (ou urso-formigueiro-gigante) deita-se de barriga para cima e abraça o seu inimigo, que é, então, esmagado pela força. Abraço de tamanduá é sinónimo de deslealdade, traição. O
CANTO DO CISNE
Dizia-se que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A expressão "canto do cisne" representa as últimas realizações de alguém.
ESTÔMAGO DE AVESTRUZ
Define aquele que come de tudo. O estômago da avestruz é dotado de um suco gástrico capaz de dissolver até metais.
LÁGRIMAS DE CROCODILO
É uma expressão usada para se referir ao choro fingido. O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu-da-boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.
MEMÓRIA DE ELEFANTE
O elefante lembra-se de tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atrações do circo. Diz-se que as pessoas que se recordam de tudo têm "memória de elefante".
OLHOS DE LINCE
Ter "olhos de lince" significa ver ao longe, uma vez que esses animais têm a visão apuradíssima. Os antigos acreditavam que o lince podia ver através das paredes.
CALCANHAR DE AQUILES
De acordo com a mitologia grega, Tétis, mãe de Aquiles, a fim de tornar o seu filho invencível, mergulhou-o num lago mágico, segurando-o pelo calcanhar. Na Guerra de Tróia, Aquiles foi atingido na única parte do seu corpo que não tinha proteção: o calcanhar. Portanto, o ponto fraco de uma pessoa é conhecido como " calcanhar de Aquiles".
VOTO DE MINERVA
Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado pelo assassinato da mãe. No julgamento, houve empate entre os acusados. Coube à deusa Minerva ovoto decisivo, que foi em favor do réu. Voto de Minerva é, portanto, o " voto decisivo".
CASA DA MÃE JOANA
Na época do Brasil Imperial, mais especificamente durante a menoridade de Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam encontrar-se num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como esses homens mandavam e desmandavam no país, a frase "casa da mãe Joana" ficou conhecida como sinónimo de lugar em que ninguém manda.
VÁ QUEIXAR-SE AO BISPO!
Na época do Brasil colonial, a fertilidade de uma mulher era requisito fundamental para o casamento, afinal, a ordem era povoar as novas terras conquistadas. A Igreja permitia que, antes do casamento, os noivos mantivessem relações sexuais, única maneira do rapaz descobrir se a moça era fértil. E adivinha o que acontecia na maioria das vezes? O noivo fugia depois da relação para não ter que se casar. A jovem, desolada, ia queixar-se ao bispo, que mandava homens para capturar o tal espertinho.
CONTO DO VIGÁRIO·
Duas igrejas receberam uma imagem duma santa como presente. Para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários contariam com a ajuda de Deus, ou melhor, de um burro. Assim, colocaram o burro entre as duas paróquias e o animal teria que caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E foi isso que aconteceu, só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burro. Desse modo, "conto do vigário" passou a ser sinónimo de falcatrua e malandragem.
FICAR A VER NAVIOS
Dom Sebastião, rei de Portugal, havia desaparecido na batalha de Alcácer-Quibir, mas o seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo português recusava-se a acreditar na morte do monarca. Era comuns as· pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltava, o povo ficava "a ver navios".
NÃO ENTENDO PATAVINA
Os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova, sendo assim, "não entender patavina" significa não entender coisa alguma.
DOURAR A PÍLULA
Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar os aspectos do remédio amargo. A expressão "dourar a pílula" significa melhorar a aparência de algo.
CHEGAR DE MÃOS A ABANAR
Há muito tempo, no Brasil, era comum exigir que os imigrantes que chegassem para trabalhar nas terras trouxessem as suas próprias ferramentas. Caso viessem de mãos vazias, era sinal de que não estavam dispostos ao trabalho. Portanto, "chegar de mãos a abanar" é não carregar coisa alguma.
SEM EIRA NEM BEIRA
Antigamente os telhados possuíam eira e beira, detalhes que conferiam 'status' ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter eira nem beira significa que a pessoa é pobre, não tem com que se governar.
ABRAÇO DE TAMANDUÁ
Para capturar a sua presa, o tamanduá (ou urso-formigueiro-gigante) deita-se de barriga para cima e abraça o seu inimigo, que é, então, esmagado pela força. Abraço de tamanduá é sinónimo de deslealdade, traição. O
CANTO DO CISNE
Dizia-se que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A expressão "canto do cisne" representa as últimas realizações de alguém.
ESTÔMAGO DE AVESTRUZ
Define aquele que come de tudo. O estômago da avestruz é dotado de um suco gástrico capaz de dissolver até metais.
LÁGRIMAS DE CROCODILO
É uma expressão usada para se referir ao choro fingido. O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu-da-boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.
MEMÓRIA DE ELEFANTE
O elefante lembra-se de tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atrações do circo. Diz-se que as pessoas que se recordam de tudo têm "memória de elefante".
OLHOS DE LINCE
Ter "olhos de lince" significa ver ao longe, uma vez que esses animais têm a visão apuradíssima. Os antigos acreditavam que o lince podia ver através das paredes.
sábado, dezembro 3
O Encoberto
Integrando na mitogenia portuguesa a crença messiânica num chefe carismático, que pela sua intervenção na cena política nacional permitiria a restauração do prestígio do País e a renovada afirmação das suas potencialidades eis que finalmente surge o “encoberto” salvador da pátria. Não, não apareceu em Lagos numa manhã de nevoeiro, desta feita surge de Boliqueime, ou será que também é um daqueles que esteve de férias sabáticas em Marte, que nunca participou na vida política deste país (a afirmação de que não se trata de um político profissional é qualquer coisa de surrealista). Os portugueses (alguns) parecem que têm a memória curta, já não se lembram do “homem do leme”, aquele que não tinha dúvidas e que raramente lia jornais. Também não lia livros, não admira que tenha sido no seu mandato como 1º ministro, que um seu subordinado (dada a sua pequenez não menciono o cargo nem o nome) com pelouro no Ministério da Cultura, tenha censurado o livro Evangelho segundo Jesus Cristo de José Saramago, a um prémio literário no estrangeiro.
O “encoberto” que ainda não deu a cara nos placares de campanha à Presidência da República, talvez com receio de que alguns (muitos digo eu) portugueses ainda se lembrem que foi no seu mandato na governação do País, que os polícias que se manifestavam ordeiramente no Terreiro do Paço, foram alvo de um banho monumental por parte de outros polícias, que a mando do senhor professor, barraram a manifestação dos colegas. Os portugueses lembram-se também do bloqueio na ponte 25 de Abril, cujas imagens percorreram o mundo e, que desgraçadamente atingiu um jovem na flor da idade, com uma bala que ninguém disparou, mas que serviu para mandar para uma cadeira de rodas um jovem que ainda luta em tribunal para ver o seu problema resolvido.
O “encoberto” que afirma a sete ventos não ser um político profissional, mas não abdicar das reformas a que tem direito enquanto 1.º Ministro, que afirma que a sua candidatura é uma candidatura independente, quando toda a gente sabe que é apoiado pelo PSD e CDS/PP. Não é preciso vir com a lenga-lenga, que se trata de um cargo unipessoal, apartidário, blá, blá, blá.
O “encoberto” que estrategicamente não responde aos seus adversários concorrentes à Presidência da República, pois tem os seus mandatários nos mídia a falar por si, vai ter que tomar uns calmantes, já que terá que os defrontar (ainda que a muito custo) nos debates televisivos a dois, até nisto somos sui generis, com a exclusão de outros putativos candidatos.
Aguarde-mos pelos debates, fia-te na virgem e não corras....
O “encoberto” que ainda não deu a cara nos placares de campanha à Presidência da República, talvez com receio de que alguns (muitos digo eu) portugueses ainda se lembrem que foi no seu mandato na governação do País, que os polícias que se manifestavam ordeiramente no Terreiro do Paço, foram alvo de um banho monumental por parte de outros polícias, que a mando do senhor professor, barraram a manifestação dos colegas. Os portugueses lembram-se também do bloqueio na ponte 25 de Abril, cujas imagens percorreram o mundo e, que desgraçadamente atingiu um jovem na flor da idade, com uma bala que ninguém disparou, mas que serviu para mandar para uma cadeira de rodas um jovem que ainda luta em tribunal para ver o seu problema resolvido.
O “encoberto” que afirma a sete ventos não ser um político profissional, mas não abdicar das reformas a que tem direito enquanto 1.º Ministro, que afirma que a sua candidatura é uma candidatura independente, quando toda a gente sabe que é apoiado pelo PSD e CDS/PP. Não é preciso vir com a lenga-lenga, que se trata de um cargo unipessoal, apartidário, blá, blá, blá.
O “encoberto” que estrategicamente não responde aos seus adversários concorrentes à Presidência da República, pois tem os seus mandatários nos mídia a falar por si, vai ter que tomar uns calmantes, já que terá que os defrontar (ainda que a muito custo) nos debates televisivos a dois, até nisto somos sui generis, com a exclusão de outros putativos candidatos.
Aguarde-mos pelos debates, fia-te na virgem e não corras....
quinta-feira, dezembro 1
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