sábado, dezembro 17

9h.45m – Largo da Faculdade

... encontro-me sentada num banco vazio, num banco velho com quem troco pensamentos, palavras...! Conversamos sobre o livro que seguro nas minhas mãos, sobre as-sábias-palavras que Fernando Pessoa escreveu em 1922 nesta mesma cidade onde me encontro e me perco.
É neste espaço, nesta cidade, mais precisamente neste banco, situado neste largo onde passam os artistas, que denoto a presença de um homem. O barulho de fundo desaparece de repente. O meu olhar converge para esse mesmo homem, alto e de ar sereno, que traz consigo uma borboleta. Aproxima-se de uma pequena árvore, que se situa à minha direita e, cautelosamente, coloca-a na mesma. Contempla-a agora neste espaço e desaparece (um gesto bonito, mágico para esta hora da manhã).
Neste largo encontro-me, novamente, sozinha. O barulho em redor invade-me novamente; oiço homens a insultarem-se.
Ignoro. Abstraio-me do que me rodeia e concentro-me na borboleta. Concentro-me no seu percurso, na sua perfeição.
Agradeço, agora e aqui neste espaço de papel, ao desconhecido que me proporcionou vislumbrar não só a borboleta mas também a sua perfeição.

P. S. : ... ainda estou a olhar para a borboleta !...


Nês (8 Maio de 2003)

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