quarta-feira, dezembro 30
Prosa de Dezembro
Fecho o ano, remato a frase e concluo: esta gente não gosta da gente. No entanto, construímos as casas deles, montamos-lhes as electricidades, as águas correntes, limpamos as suas sujidades, areamos os seus metais, brunimos as suas roupas, ensinamos os seus filhos, escrevemos os jornais e os livros que deviam ler. Esta gente dirige os nossos destinos, orienta os nossos dias, determina os nossos ordenados, impõe o nosso comportamento, comanda o nosso presente, molda o nosso futuro. Nunca sabemos do que está a falar, porque não fala seriamente e baralha a sua estranha cumplicidade com a crueldade e o crime. Esta gente perdeu o contacto com a humanidade e despediu a bondade dos seus propósitos.
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