Num depoimento, editado como entrevista e publicado no diário i, António Barreto retrata o nosso tempo português com a perspicácia que se lhe reconhece. Adivinha-se a dor velada e o pudor, quando diz que Portugal está à beira de ser uma irrelevância e pode condenar-se a desaparecer. Não é uma jeremíada, o texto, é uma grave advertência à nossa preguiça mental, moral e cívica. Por outras palavras, Barreto fala na desconstrução do discurso político, devido à ascensão ao poder de uma súcia de medíocres, e recusa participar no embuste, tornado comum, de uma leitura exclusivamente económica do mundo. Como escrevia, no "Retrato da Semana", Público, não acredita na inocência da técnica, porque é lá que reside a banalidade do mal [Hannah Arendt].
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